O chef Narbal representou a gastronomia de Santa Catarina na última etapa do ciclo A internacionalização da economia criativa, da gastronomia e do turismo como indutores do desenvolvimento regional. O evento vinha sendo realizado desde setembro e recebeu exposições das cinco grandes regiões do Brasil numa tentativa de apresentar e fortalecer as tradições regionais numa das casas legislativas mais importantes do país.
Desta vez, a mostra de gastronomia aconteceu no dia 2 e teve foco nas regiões Sul e Centro-Oeste. Sete Estados participaram do evento. Para caracterizar Santa Catarina, Narbal levou na mala ingredientes típicos de três regiões de Santa Catarina – Grande Florianópolis, Serra e Vale Europeu. Ele produziu todo o cardápio um dia antes do evento, no centro de aperfeiçoamento do Senac. Serviu ostras gasar gratinadas, purê de aipim com linguiça Blumenau e creme de uvaia (goiaba serrana) com calda de mirtilo, paçoca de amendoim e mel de bracatinga.
Além disso, produtos típicos do Estado, como as maçãs Fuji (da região de São Joaquim), o queijo artesanal serrano (dos Campos de Cima da Serra) e o mel de Bracatinga (do Planalto Sul Brasileiro), estiveram à disposição do público para degustação. Os três são produtos com registro de Indicações Geográficas, título concedida pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) a regiões que se tornaram conhecidas ou apresentam vínculos relativos às qualidades características de um produto ou serviço.
“Os pratos representam a nova gastronomia catarinense que está sendo reconhecida nacionalmente. Nosso Estado nunca esteve no mapa da gastronomia brasileira, mas hoje nos encontramos na vanguarda”, afirma.
Nascido em Florianópolis, Narbal é muito apegado ao mar e dedicou toda a sua vida à gastronomia, ao mergulho comercial e à pesca submarina. Em 2014, foi eleito chef do ano pelo Clube Gourmet de Florianópolis e representa a cidade em diversas missões internacionais da Rede Mundial de Cidades Criativas Unesco da Gastronomia. Também é autor das obras A cozinha do bom pescador e Vem do mar: breve história dos alimentos e da culinária na Ilha de Santa Catarina, em coautoria com Amílcar D’Ávila de Mello.
Para Florianópolis, a exposição teve uma importância ainda maior, já que a capital catarinense detém o título de Cidade Criativa da Gastronomia, concedido pela Unesco, braço da ONU para educação, ciência e cultura. Segundo Narbal, esse reconhecimento vem sendo percebido cada vez mais pelo país. E não foi diferente durante o evento.
“É muito gratificante para mim ver esse crescimento e também presenciar o famoso chef gaúcho Marcos Livi declarando para todos os chefs presentes no evento que ‘o pessoal de Santa Catarina está fazendo coisas espetaculares na serra e no litoral. Prestem atenção neles’, afirma Narbal.
Mais de 200 pessoas circularam pelo local no dia da mostra gastronômica, incluindo o senador Esperidião Amin, as deputadas federais Angela Amin e Carmen Zanotto, embaixadores, diplomatas e outras autoridades nacionais e estrangeiras.
A iniciativa do ciclo A internacionalização da economia criativa, da gastronomia e do turismo como indutores do desenvolvimento regional é uma parceria da Comissão de Relações Exteriores do Senado e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Na véspera da mostra de gastronomia também foi realizada uma mostra de artesanato também dentro da programação do ciclo A internacionalização da economia criativa, da gastronomia e do turismo como indutores do desenvolvimento regional.
O evento ocorreu no Espaço Ivandro Cunha Lima e reuniu trabalhos representativos das duas regiões brasileiras e. Santa Catarina apresentou 8 núcleos de produção com as tipologias de fibra, renda de bilro, madeira, pêssankas, palha de milho e trigo.
Segundo a coordenadora do Programa de Artesanato do Sebrae/SC, Simone Amorim, o evento ajuda a mostrar as principais características que diferenciam as regiões brasileiras, dando enfoque às suas singularidades e atributos. “Poder levar a Brasília os saberes e sabores genuinamente catarinenses e mostrar o que de melhor temos aqui no Estado proporcionou aos visitantes da mostra conhecer um pouco mais da nossa terra e da nossa gente”, diz.
O diretor técnico do Sebrae/SC, Luc Pinheiro, acredita que a exposição também ajudou a fomentar o turismo de toda a região Sul, especialmente de Santa Catarina. “O nosso Estado é muito lembrado pelas indústrias e nem todo mundo conhece a riqueza do nosso artesanato, algo tão exclusivo, tão específico que só é possível fazer por meio da arte”, diz.
Pinheiro também fez referência aos produtos catarinenses que possuem registro de indicação geográfica. Além da maçã Fuji, do queijo serrano e do mel de Bracatinga (expostos no evento), o Estado também possui registro da banana (da região de Corupá), dos vinhos de altitude (Serra Catarinense) e da uva goethe (das encostas da Serra Geral e do litoral sul).
Segundo ele, a uva goethe foi um dos primeiros trabalhos de identificação geográfica do Estado e, ainda hoje, é um dos mais especiais, pois foi trazida da Itália e se tornou extinta lá, sobrevivendo apenas em Santa Catarina. “É um produto que não existe mais na sua origem e só é possível encontrar aqui, protegida por um série de condições e por um trabalho de resguardo de toda a comunidade”, explica.
Além de Florianópolis, outras três cidades brasileira detém o título de Cidade Criativa da Unesco na modalidade de gastronomia: Belo Horizonte (MG), Paraty (RJ) e Belém (PA).
No mundo inteiro, a Rede de Cidades Criativas da Unesco se divide em sete áreas criativas: artesanato e arte folclórica, design, cinema, gastronomia, literatura, mídia e música. No total, 295 cidades de 90 países integram a listagem. Doze delas ficam no Brasil: Florianópolis, Belo Horizonte, Paraty e Belém (no campo criativo da gastronomia); Brasília, Curitiba e Fortaleza (no design); Salvador e Recife (na música); Santos (no cinema) e João Pessoa e Campina Grande (no artesanato e artes folclóricas).
Em Florianópolis, o grupo gestor do Programa Florianópolis Cidade Criativa Unesco da Gastronomia tem a coordenação geral da Associação FloripAmanhã e é composto por outras 14 entidades:
Essa iniciativa voluntária, de caráter apartidário, plural e ecumênico, é voltada à promoção dos compromissos da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Composto por mais de 500 signatários e presente em 54 municípios, o movimento atua por uma sociedade inclusiva, ambientalmente sustentável e economicamente equilibrada. Várias ações desenvolvidas pela FloripAmanhã estão diretamente vinculadas aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
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