“O sistema viário e o transporte urbano da Capital vivem uma morte anunciada que se arrasta há muito tempo. Paralisações como a de hoje (terça-feira, dia do debate) ocorrem toda a vez que trabalhadores do setor se aproximam da data-base. O meio precisa ser redimensionado. Ao mesmo tempo, convivemos com um sistema viário comprometido, que se agrava em uma cidade complexa com as características da Capital: centro histórico preservado e tombado que dificulta qualquer intervenção na área central da cidade. Temos uma realidade histórica que a curto prazo precisa ser enfrentada. E existe um planejamento de médio e longo prazo a ser feito. A quarta ponte está prevista no atual Plano Diretor. Mas entendo que a curto prazo tem que se pensar em outras alternativas, afinal as pessoas nunca compraram tantos carros quanto agora. A questão cicloviária sempre foi muito maltratada. Somente agora trabalhamos com parcerias internacionais que apontam para uma política que engloba as ciclovias. Não resolverá o problema, mas um conjunto de ações deve ser tomado para mudar a cultura existente.” (Ildo Rosa, presidente do Ipuf)
“Quanto vale a Ilha de Santa Catarina? Temos uma riqueza disponível, mas que não sabemos aproveitar. Muito se fala em transporte marítimo, metrô sobre as águas, teleféricos. Por que não se faz os projetos? Acho necessário se perguntar: que cidade eu fiz? Que cidade eu faria? Mas a questão do transporte, como ponte ou sistema marítimo, só será feita quando for rentável para alguém.” (Alcides Abreu, representante do Instituto Histórico e Geográfico de SC)
“Como ambientalista, sinto algumas questões muitas caras colocadas para nós desde a década de 1970. A pergunta para nós é: nós queremos crescer para a Ilha ou para o Continente? A questão insere os limites de crescimento da cidade. Esta pergunta ainda está sem resposta. O modelo de desenvolvimento não pode ser centrado no eixo destrutivo, associado meramente à transformação da natureza. Este modelo não apresenta mecanismos de adaptação a esta natureza, que é o grande recurso que precisamos usar. A Ilha é um espaço limitado. Precisamos redimensionar o crescimento para o Continente. As áreas de manguezais, por exemplo, não podem mais continuar sendo destruídas a cada surto de crescimento. Recentemente, tivemos um embate sobre a implantação de dois shoppings no entorno destas áreas, importantes berçários para os ecossistemas naturais. Mudar o eixo significa melhorar a qualidade de vida das pessoas e da cidade e ampliação da justiça social. O binômio ambiente e desenvolvimento social está articulado.” (Francisco Ferreira, representante da UFSC)
“A cidade está refém do transporte individual, e não do coletivo. O coletivo se amplia por conta da individualidade no encaminhamento da questão. Não vejo a construção de uma quarta ponte como a única solução. A idéia pode ser substituída por outras formas de transporte. Temos que rever todo o sistema viário, pois o sistema não suporta mais os gargalos que se criaram. Existem alternativas, como o sistema de transporte marítimo, de superfície e as ciclovias. É preciso reorganizar a cidade de uma outra maneira. Não se pode mais pensar no indivíduo como um só, e sim na coletividade. Mas focar só no transporte não basta, é preciso pensar em outras questões.”(Cristina Piazza, presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil de SC)
“O Crea lançou uma alternativa, que não está fechada, que é a construção de uma nova ponte. Queremos provocar uma discussão capaz de desafogar a cidade. Não queremos esperar por 2020, quando Florianópolis será um caos. Em termos de transporte, não existem dúvidas que o modelo precisa ser repensado. O Crea apresentou a proposta de uma Via Expressa duplicada, com quatro pistas de cada lado, um elevado, quarta ponte, elevado indo até o Túnel Antonieta de Barros, variantes para escoamento. Tem ainda a proposta de metrô de superfície e transporte marítimo. Estamos abertos para discutir, e com profissionais que respondem por áreas técnicas à disposição, pois o Crea não pode ficar na função meramente legal. Propusemos um grupo técnico que discuta a questão, e não teremos constrangimento de encampar a melhor proposta para a cidade. Somos favoráveis à humanização do transporte urbano, com um projeto de desenvolvimento sustentável e integrado.” (Raul Zucatto, presidente do Crea SC)
“Em Florianópolis, diferente do que ocorre nas cidades de Joinville e em Blumenau, não existe a cultura de andar de bicicleta. Ainda que traga alguma interferência, não significará um impacto sobre a questão do transporte urbano da cidade. (Helio Bairros, presidente do Sinduscon)
Frases:
Raul Zucatto, presidente do Crea de Santa Catarina:
“O Crea apresentou a proposta de uma Via Expressa duplicada, com quatro pistas de cada lado, um elevado e quarta ponte.”
(DC, 27/05/2007)
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1 Comentário
Florianópolis precisa implantar um sistema de transporte marítimo e metrô de superfície com a máxima urgência sob pena de se inviabilizar como cidade, polis! O modelo atual é totalmente caracterizado pelo transporte individual, uso do veículo pessoal em detrimento ao transporte público. A Integração dos ônibus é, em si, uma tentativa válida para reorganizar o transporte coletivo da cidade, porém, sozinho esta COMPLETAMENTE fadado ao fracasso! Em cidade alguma, ônibus são soluções para o transporte coletivo de uma forma isolada, eles estão sempre presente em um contexto de alternativas disponíveis para a viabilidade do transporte público de uma cidade. Em Florianópolis, tem de ser dado muito atenção as ciclovias, elas praticamente não existem em uma cidade que possui uma grande vocação para tal, veja o exemplo do Rio de Janeiro que possui a maior malha cicloviária de cidades da América Latina!