Há uma expectativa muito positiva em torno das potencialidades do turismo brasileiro em 2007. A perspectiva de crescimento da economia e a realização dos Jogos Pan-Americanos no Rio são dois fatores que se somam a uma série de atributos já consagrados, para dar consistência ao otimismo e aos resultados que o turismo brasileiro poderá alcançar no ano que se inicia. Também sou um entusiasmado partidário dessa opinião. O País tem importantes qualificações não apenas para ampliar a participação do setor na composição da riqueza nacional, como também para se transformar num dos mais requisitados pólos turísticos mundiais.
Entretanto, faz parte das nossas responsabilidades, como empresários e empreendedores, observarmos a realidade e contribuir,por meio de sugestões e de atitudes que estejam ao nosso alcance, para remover eventuais obstáculos que impeçam a transformação das nossas esplêndidas potencialidades em resultados concretos. Esse é um dos objetivos do 13º Workshop CVC, que será realizado em São Paulo amanhã e na quinta-feira, reunindo agentes de viagens, profissionais do setor e representantes de órgãos governamentais, nacionais e internacionais do turismo.
Destaco,de início,dois aspectos que, a meu ver, devem ser analisados em profundidade. O primeiro deles é a situação da infra-estrutura. Não faço referência à estrutura turística em si, que vem se aprimorando ano a ano, mas às condições das estradas, à adequação dos portos e aeroportos, enfim, à infra-estrutura necessária para oferecer ao turista conforto e facilidade de locomoção. Apesar de os elevados investimentos que vêm sendo feitos nos últimos anos, é preciso aumentar ainda mais os recursos. Segundo dados da Associação Brasileira de Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib), os R$ 6,4 bilhões investidos na infra-estrutura de transportes em 2006 correspondem a 38% do total necessário.
A conservação das nossas estradas e a ampliação da malha rodoviária merecem atenção permanente de autoridades e concessionárias, pois, a exemplo do que observamos nos Estados Unidos e em países europeus, o turismo rodoviário é uma alternativa que atrai um público crescente, enquanto no Brasil ainda é uma opção muito aquém de suas potencialidades.
Outro ponto que merece toda atenção – e também com a máxima urgência – é a questão da segurança pública. A violência e a insegurança são fatores que afugentam os visitantes, pela própria natureza da atividade. O turista que viaja a lazer ou a negócios procura conforto e segurança. Qualquer ameaça à sua integridade ou ao seu patrimônio serve de desestimulo
e, não raro, o leva a mudar sua opção de destino.
Acompanhamos, neste início de ano, a manifestação de diversas autoridades – incluindo o presidente da República e o governador do Estado do Rio – reconhecendo a necessidade de se combater efetivamente o crime por meio de ações conjuntas, envolvendo forças federais e estaduais.
Temos,ainda,outros obstáculos a remover para que o turismo brasileiro possa concretizar suas promissoras potencialidades e contribuir, cada vez mais, para a geração de riquezas.O aprimoramento da infra-estrutura e o combate à criminalidade são duas atitudes que precisam ser implementadas com determinação, para desobstruir definitivamente o caminho do Brasil na direção de pólo turístico internacional.
E é por acreditar nesse setor que todo o trade turístico se reúne, em mais uma edição do Workshop CVC, para levar essa discussão adiante e chamar a atenção das autoridades competentes para os obstáculos que enfrentamos.
(Guilherme Paulus, O Estado de S. Paulo, 06/02/2007)
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