Aconteceu nesta terça-feira (16) a primeira reunião aberta de forma online da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher e da Promoção da Igualdade de Gênero, presidida pela vereadora Carla Ayres (PT).
Na ocasião, a vereadora lembrou os desafios enfrentados pelas pessoas durante a pandemia, em especial pelas mulheres e avaliou o aumento da representatividade da bancada feminina dentro do Legislativo da Capital após tantos anos como uma conquista histórica na luta das mulheres.
“É uma parcela que tem sido atingida diretamente e significamente com o isolamento social e com as questões econômicas e as múltiplas jornadas. Mais ou menos feministas, essa é uma luta das mulheres pela reivindicação da nossa ocupação nesses espaços políticos. E a nossa postura solidária umas com as outras é o que fará dessa legislatura um marco muito importante para as mulheres da cidade”, afirma a vereadora.
A vereadora Cíntia Mendonça – Coletiva Bem Viver (PSOL), lembra dos três anos do assassinato da vereadora Marielle Franco, trazendo a mobilização para a efetivação em Florianópolis do Dia de Marielle Franco. “Um dia que a gente possa lembrar da violência política contra a mulher”, disse a parlamentar.
A vereadora Maryanne Mattos (PL) trouxe a importância de homenagear mulheres que em vários espaços fizeram e abriram mais caminhos para que outras mulheres pudessem ocupar, citando a Dra. Lúcia Stefanovich, primeira delegada do Brasil, a primeira mulher a assumir a Secretaria Estadual de Segurança Pública e a responsável pela instalação da primeira delegacia da mulher em Santa Catarina.
Sua convidada, a executiva em cargos de lideranças em multinacionais, Corinne Giely, abordou a necessidade de colocar mais mulheres em cargos de liderança e na política, para participarem de forma ativa nas tomadas de decisões, no poder financeiro e na implementação de projetos. “Além de ter um ambiente de trabalho mais cooperativo e respeitoso, a competência e a produtividade da empresa também aumenta com mulheres na liderança.”
Entre seus projetos para ajudar as mulheres, Corinne, apresentou o SpringBoard, que incentiva as mulheres a ocuparem cada vez mais espaços na sociedade e no mundo corporativo, trabalhando autoconfiança, desconstruindo mitos e crenças, independência financeira, e as incentivando a se candidatarem a cargos de liderança. “Em vez de olhar pro contexto tóxico, que às vezes não incentiva, nosso objetivo é ajudar as mulheres a se olharem por dentro e entender o que de fato as impede. Além de ter mais consciência sobre o que está acontecendo fora como assédio ou discriminaçaõ, estamos olhando também para nós. É um caminho de autoconhecimento”, disse Corinne Giely.
Já a convidada da vereadora Pri Fernandes (PODEMOS), Mônica Duarte, trouxe à pauta a pobreza menstrual vivida por inúmeras mulheres, citando a falta de atenção aos cuidados de higiene, como a distribuição de absorventes. “Quantas mulheres e meninas deixam de estudar ou trabalhar por falta de recursos, pela vulnerabilidade. Que as pessoas possam olhar isso com outros olhos e não como uma frescura”, disse. Também abordou a falta de apoio às mães-solo. “Porque muitas vezes, por falta de oportunidades, elas não conseguem ir além”, levantou Mônica, sugerindo a criação de programas em parceria com assistências sociais.
A convidada Tatiana Motinho trouxe à discussão a violência obstétrica, propondo um pedido para que o Executivo autorize a entrada de doulas nos hospitais e maternidades mesmo durante a pandemia, para ajudar as mulheres no trabalho de parto e pós-parto. Nesse aspecto, a presidente da Comissão Carla Ayres lembrou sobre o debate que está em pauta referente à construção da Casa de Parto Natural em Florianópolis em parceria com o Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC).
A convidada Íris, membro do Movimento 8M e da Frente Catarinense pela Legalização e Descriminalização do Aborto, convida para a retomada da discussão sobre a Lei Municipal de Atendimento Humanizado ao Aborto Legal. “É uma campanha necessária que se faz para a rede primária de atendimento às mulheres que precisam se socorrer ao aborto legal. É necessário mostrar quais são os casos em que a mulher pode acessar o aborto legal”, disse.
Ao fim da reunião a vereadora Carla Ayres afirmou: “eu acho que cabe à nossa Comissão, além dos projetos já trazidos, fazer uma fiscalização na nossa rede municipal de acolhimento às mulheres vítimas de violência”. Também sugeriu abrir um diálogo com as mulheres que foram candidatas à vereadora no último período, para discutir projetos que podem ser encaminhados coletivamente pela Comissão, e ainda debater os temas através da Escola do Legislativo.
Participaram da reunião ainda o vereador Diácono Ricardo (PSD) e as co-vereadoras da Coletiva Bem Viver.
(CMF, 16/03/2021)
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