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Pandemia, crise e carga tributária prejudicam setor gastronômico

A expectativa da recuperação econômica no início da temporada de verão frustrou o setor da alimentação fora do lar em Santa Catarina. A Abrasel realizou uma pesquisa junto a mais de 100 estabelecimentos do estado e constatou que, para 89,9% dos deles, o movimento está igual ou pior do que no mesmo período do ano passado – sendo que para 49,1% a redução foi superior a 15%.

Conforme esperado, devido à pandemia o número de turistas não aumentou e, como nos anos anteriores, predominou a presença de visitantes de São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná. Um destaque foi o maior número de pessoas do interior do estado, já previsto diante da crise e do receio dos visitantes por viagens aéreas.

O poder de compra do consumidor, corroido pela inflação ao longo do último ano, é determinante para este cenário, uma vez que 48,6% dos proprietários apontam que houve queda no gasto médio do consumidor. Agravando ainda mais o contexto, o setor teve uma inflação muito acima da média da economia – aumentos de até 25% no reajuste dos aluguéis e até 30% nas carnes, 8,3% da energia elétrica e 16% do gás natural.

 

– O segmento já vinha absorvendo aumentos representativos de custos desde 2019. Com a forte pressão inflacionária do segundo semestre, não foi possível evitar o repasse aos preços dos cardápios. Além disso, na contramão de outros estados, houve em Santa Catarina aumento de ICMS -, diz Raphael Dabdab, presidente da Abrasel no estado, explicando que as bebidas destiladas sofreram incremento de carga tributária, chegando em alguns casos próximo à 500%.

– Estima-se que o impacto no preço final ao consumidor será de até 30%, tanto no bar e na balada, quanto nos supermercados -, alerta.

Outro reflexo deste contexto econômico adverso é o grande impacto social: a área da alimentação fora do lar, além de ser a porta de entrada dos jovens no mercado de trabalho formal, também é um grande gerador de empregos. A pesquisa aponta que o setor contabiliza um déficit de 21 mil postos de trabalho a menos em relação à temporada passada. Outra constatação foi o aumento de atuação no sistema de delivery – 30,9% dos entrevistados passaram a trabalhar nesta modalidade após a pandemia como estratégia de sobrevivência.

A Covid-19 também modificou o comportamento do consumidor. Constatou-se que a grande maioria dos clientes (95%) tem conhecimento sobre os protocolos de segurança. Os entrevistados perceberam que há elevada disciplina no cumprimento das normas por parte dos cclientes (90%). A preocupação com relação às medidas para minimizar o risco de contágio fica evidenciada pela redução do tempo de permanência nos estabelecimentos – detectada por 35% dos consultados. Para 76% deles, é notória a preferência por ambientes externos.

O reflexo é o descrédito dos empresários do setor quanto ao processo de retomada – 73,6% acreditam que o movimento será inferior à temporada passada. Trata-se de um indicativo de que a recuperação econômica – e consequente geração de empregos – será lenta e provavelmente se estenderá ao longo de todo o ano de 2021 e 2022.

(Tudo sobre Floripa, 11/01/2021)

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