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Idealizadores do Sapiens Parque alertam sobre riscos de privatizar o empreendimento

Da coluna de Estela Benetti (DC, 07/02/2020)

Na lista de privatizações do governo do Estado está o gigante Sapiens Parque, no Norte da Ilha de SC, um projeto dos sonhos de quase todos que atuam no setor de tecnologia, especialmente dos seus principais idealizadores, os professores e líderes do setor de inovação de Florianópolis, Carlos Alberto Schneider e José Eduardo Fiates. O Sapiens foi projetado em 2000, por Schneider, Fiates e outros colaboradores, quando estavam à frente da Fundação Certi.

Em evento do setor dias atrás, questionados por mim sobre o assunto, ambos mostraram muita preocupação com o risco de uma privatização mal conduzida, que descaracterize o perfil do empreendimento ou permita a especulação imobiliária, o que atrasa o desenvolvimento socioeconômico em geral. Afinal, o parque tecnológico foi projetado para ser uma das âncoras da economia da Grande Florianópolis e de Santa Catarina.

O governo do Estado é o maior proprietário da área de mais de 4 milhões de metros quadrados, com a maior parte de reserva ambiental.

— Se a venda dos terrenos do Estado for feita no varejo vai destruir o projeto. Isso porque vem um monte de picareta como aconteceu no Parque Tecnológico Alfa, no bairro João Paulo, em Florianópolis. Naquela época também foi uma ação coordenada do governo e a gente alertou para que não fizessem isso. Hoje, se você vai lá no Parque Alfa vai encontrar terreno ainda desocupado, de picareta – desabafou Schneider, que é presidente do conselho de administração da Fundação Certi.

Segundo ele, o Sapiens foi projetado com um modelo totalmente privado. As autoridades foram consultadas na época, o governo entraria com os terrenos e algum investimento e a venda desses terrenos seria progressiva, assim o parque se tornaria automaticamente privado, explica Schneider. O professor explica que houve muita lentidão na venda dos terrenos por serem do governo e por interferências burocráticas, impostas principalmente pelo Tribunal de Contas do Estado.

José Eduardo Fiates, que também foi presidente para a América Latina da Associação Internacional de Parques Ciêntíficos e presidente da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Aprotec), defende a privatização do Sapiens, mas mantendo o projeto.

— O sapiens foi planejado para ser um empreendimento privado. É o único parque tecnológico do hemisfério sul em que o terreno se transformou em ações para o governo. Eu sou totalmente a favor da privatização. O único detalhe que precisa ser cuidado é que devemos fazer a privatização de um parque de inovação, ou seja, quando privatizado, ele tem que ser um parque de inovação. E parque de inovação é um ambiente onde você desenvolve ciência, tecnologia, inovação e negócios – explica Fiates, que atualmente é o diretor de Inovação do Sistema Fiesc.

Segundo ele, mais importante do que um terreno dado para a universidade são os talentos que vêm para essa instituição local para trabalhar, fazer pesquisas. Tem que ter instituições de pesquisas, empresas, restaurantes. Ele disse ser favorável a esse conceito, desde que seja privatizado um parque de inovação, e não que, daqui a algum tempo, se torne só um empreendimento comercial ou um condomínio residencial.

Fiates avalia que é extremamente benéfico ter moradias no parque para quem trabalha nele, mas não faz sentido ter condomínios residenciais de luxo, meramente imobiliários porque a ideia é um parque de produção de inovação para o Estado. Quem deseja unidades residenciais sofisticadas tem outras alternativas na região.

Schneider sempre deixou claro que é apaixonado pelo modelo do Sapiens, por isso é incisivo na defesa do mesmo.

— Temos que manter o projeto original, que prevê a venda, a concessão, no contexto do projeto. Não é venda no varejo. Tem demanda. O modelo de negócio do Sapiens é fora de série. Podem chamar quem entende do assunto, que fará essa avaliação. O projeto não prevê área habitacional, mas prevê moradias. O que ele previa é que Canasvieiras, Jurerê e região se desenvolvessem e abrigassem a maior parte das moradias – observa o professor.

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