A visita de uma comitiva de representantes do ecosistema de tecnologia de Portugal a Florianópolis nesta semana marca o início de uma colaboração entre dois promissores ambientes de negócios inovadores, com muitas semelhanças mas que até então tinham pouca conexão.
Se Santa Catarina vem se destacando nacionalmente pelo crescimento do setor de tecnologia e inovação – atraindo empresas, recursos e talentos – Portugal é a “bola da vez” no mercado europeu. São 150 incubadoras e aceleradoras, em uma rede que conta com 3 mil startups que geraram mais de 5 mil empregos diretos nos últimos três anos. “É a maior concentração proporcional da Europa”, conta Maria Miguel Ferreira, diretora da Startup Portugal, iniciativa lançada em 2016 pelo governo português para criar e apoiar o ecossistema nacional, atrair investidores nacionais e estrangeiros e acelerar o crescimento das startups locais nos mercados externos.
E já que o mercado externo está no radar, a vinda a Florianópolis se tornou quase uma obrigação, conta Maria: “já sabíamos de muita coisa que está acontecendo em Santa Catarina e tínhamos que vir – nossa função é ajudar também as startups portuguesas interessadas no mercado brasileiro”. E a recíproca também parece verdadeira, já que recentemente duas grandes do mercado de TI local, a Resultados Digitais e a Neoway, fincaram bandeira no território luso.
Mas o que está acontecendo em Portugal?
Maria Miguel cita a realização do Web Summit, uma conferência gigantesca de tecnologia e empreendedorismo que reuniu mais de 80 mil pessoas em Lisboa no ano passado, como um dos grandes incentivadores do cenário de inovação local. A edição de 2018 acontece em novembro e a capital portuguesa briga com outras cidades europeias para se manter como sede do evento. De acordo com números do governo e da organização, a edição de 2017 gerou 300 milhões de euros em serviços – segundo o jornal Publico, o investimento do Estado português foi de 1,3 milhão de euros por ano para o evento, repartido entre outras entidades públicas.
“Isso ajudou a transformar o país. Só no evento recebemos mais de 6 mil líderes do setor de tecnologia e representantes de fundos de venture capital”, comenta a diretora. Segundo ela, o governo português também abraçou a causa e tem ajudado na concessão de benefícios para empreendedores instalarem empresas de tecnologia no país: visto de trabalho, facilidades fiscais e fundos de coinvestimento (a cada 500 mil euros investidos em capital de risco, o governo aporta o mesmo valor como contrapartida), entre outras iniciativas.
A aproximação entre lusitanos e manezinhos começou de maneira bem informal, a partir de uma visita de Alex Lima, CEO e fundador da Glóbulo (empresa de Florianópolis que atua com reposicionamento de marcas e gerencia o espaço de economia criativa SebraeLab na cidade) ao Projeto NGUZU, que apoia startups portuguesas a firmar parcerias comerciais com o mercado da Ásia e comunidades de língua portuguesa. Essa conexão levou a uma apresentação de Alex sobre o ecosistema de Florianópolis – com dados da cidade e da Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE) – à Startup Portugal. Poucos meses depois, a missão lusa desembarcou na Ilha trazendo, além de Maria Miguel e Tiago Cardoso, do NGUZU, empreendedores de outras startups como Aubay, MedLive, Proside, RealFevr e Rede Dinâmica XXI, interessadas no mercado local.
O roteiro de visitas envolveu entidades como Sebrae, Fiesc, Acate e empresas como Resultados Digitais e Softplan e, embora nenhuma parceria tenha sido oficialmente fechada até o momento, há a possibilidade de um acordo de cooperação envolvendo entidades de pesquisa e desenvolvimento científico de Santa Catarina e Portugal.
“Até o momento, a impressão que me passava era que faltava confiança para investimento no Brasil. Aqui a gente fala muito sobre economia criativa, mas a base de tudo é a confiança, das entidades e dos empreendedores interessados em levar as coisas adiante. É uma rede que começamos a criar agora e esperamos que gere frutos”, resume Alex Lima.
Fonte: SCInova
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