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Santa Mônica
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Grupo de Pesquisa da UFSC influencia elaboração do Plano Diretor da capital

Para que o município de Florianópolis possa diminuir a poluição atmosférica, os congestionamentos e evitar acidentes de trânsito, uma opção é que se valorize o transporte via bicicletas. A idéia do Grupo Interdisciplinar de Pesquisa em Ecologia e Desenho Urbano (Gipedu), da UFSC, de ampliar o sistema cicloviário para toda a Ilha está entre aquelas defendidas junto à comissão de revisão do Plano Diretor de Florianópolis pelo professor Francisco Antônio Carneiro Ferreira, coordenador do grupo e membro da comissão.

O Gipedu integra Arquitetura, Psicologia, Biologia e Engenharia Sanitária e Ambiental em suas pesquisas. Ferreira, responsável pelo grupo desde a sua criação, há dez anos, diz que a intenção é integrar conhecimentos, abrindo diálogos entre áreas de estudos que ficam fragmentadas na Universidade, além de implantar na cidade a cultura de uma urbanização correta. Por isso, tudo o que é discutido e trabalhado nos quatro projetos do grupo é pensado para a comunidade. Como Florianópolis terá de revisar seu Plano Diretor – ação obrigatória a municípios com população superior a 20 mil habitantes e que fazem parte de regiões metropolitanas cujas áreas são de interesse turístico – várias propostas em benefício da urbanização serão levadas para a discussão pelo grupo.

O incentivo do uso intensivo de bicicletas como meio de transporte – para que o automóvel seja usado de forma mais racional – é só uma questão de prioridade, explica Ferreira. É preciso que a cidade siga uma hierarquia em que o pedestre tenha a preferência, seguido da bicicleta, do transporte coletivo e, por último, do veículo particular. Mas para que esse ordenamento seja obedecido, para que haja um transporte alternativo, muito da urbanização do município teria de ser modificada. Como afirma um dos responsáveis pelo Gipedu, professor Luiz Sérgio, do departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, “toda intervenção ambiental é de extrema complexidade. Os impactos causados pelo homem podem ser irreversíveis”.

Por isso, o que o grupo de pesquisa já faz e o que está sendo proposto na elaboração do Plano Diretor é que sejam avaliados diversos aspectos – de infra-estrutura, ambiental e político – ao se construir. Florianópolis não teve um planejamento adequado, mas está crescendo em ritmo acelerado – como explica a arquiteta e integrante da equipe de reformulação do Plano Diretor, Sílvia Lenzi – e, por isso, a comissão está focando pontos específicos da cidade. Já que não se tem verba para uma reurbanização completa da Ilha, as perspectivas locais é que são visadas.

Além do sistema cicloviário, preocupações como a reutilização da água dentro das residências, a questão da dependência de outras cidades para o abastecimento de água, a utilização da energia solar nas edificações, a precariedade do saneamento e do esgoto em alguns bairros, o aumento de áreas verdes e o cuidado com a paisagem – uma vez que Florianópolis é uma cidade turística – são prioridades, indo além das questões do uso e ocupação do solo.

O Plano Diretor

A interdisciplinaridade das áreas do conhecimento, como a que acontece no Gipedu, é uma tendência que não tem se restringido à Universidade. Muito pelo contrário. Ambientalistas, categorias profissionais, como a Ordem dos Advogados do Brasil e a Associação dos Geógrafos, o setor empresarial, Conselhos Municipais e órgãos públicos, como o Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf), além da UFSC integram a equipe que está elaborando o novo Plano Diretor. O atual, de 1997, vem mostrando deficiências no planejamento da cidade. Hoje, muitos problemas são configurados na urbanização, como explica Ferreira. Agora, com a revisão do Plano, Florianópolis terá de enviar um projeto de lei com sugestões de mudança até 10 de outubro deste ano.

Um Plano Diretor tem a função de trazer o interesse público, pensando, a longo prazo, no que é melhor para as gerações futuras, organizando políticas públicas de planejamento urbano. O diferencial da comissão de revisão deste Plano de Florianópolis é que, além de ela contemplar 60% dos participantes da sociedade civil e 40% do governo, vem tentando incluir uma visão estratégica, analisando as grandes potencialidades da capital, não se restringindo apenas ao uso e à ocupação do solo, mas analisando questões amplas e que influenciam num bom planejamento da cidade. Entre elas, destacam-se segurança, saneamento, crescimento da informalidade, preservação ambiental e do patrimônio histórico e cultural, inclusão social e mobilidade urbana.

Quem explica é a arquiteta e integrante da equipe de planejamento do Plano Diretor, Sílvia Lenzi. Ela já foi presidente do Ipuf e avalia que, com a integração de técnicos de diferentes áreas na comissão – antes, o planejamento era dividido por setores –, podem surgir soluções criativas para os mais diversos problemas.
(Tatiana Leme, Unaberta, 07/09/2006)

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