Chamou a atenção durante as palestras do I Seminário Internacional de Reservas da Biosfera em Ambiente Urbano, realizado nos dias 15 e 16 de dezembro, no Hotel Maria do Mar, em Florianópolis, com coordenação executiva da FloripAmanhã, o anúncio do IPUF de que, com o novo Plano Diretor, o total de áreas de preservação do município passará de 53% para 79% do seu território.
Segundo o arquiteto do IPUF, José Rocha, este percentual ainda não está fechado, depende de estudos hidrográficos e de vegetação que estão sendo concluídos, mas o total de áreas protegidas deve ficar entre 70 e 80% do território municipal.
Com mais áreas de preservação, “a cidade vai ficar mais compacta e eficaz”, afirma Ruben Pesci, Presidente da Fundação Cepa, condutora metodológica do Floripa 2030 e consultora do IPUF para a elaboração do Plano Diretor Participativo (PDP). Além da participação popular — com 4600 pessoas em 33 audiências, gerando 1600 diretrizes para o Plano — a prefeitura aplicou no PDP os conceitos de Reserva da Biosfera em Ambiente Urbano, já que Florianópolis é um dos quatro projetos piloto deste tipo de Reserva no Brasil (junto com Recife, Cinturão Verde de São Paulo e Rio de Janeiro).
Os principais conceitos de uma Reserva da Biosfera em Ambiente Urbano são a conservação da biodiversidade, desenvolvimento da equidade no acesso aos bens e serviços ambientais (águas, lazer, carbono etc) e apoio à pesquisa. Segundo Pesci, poucas Reservas da Biosfera no mundo estão concretizadas em um Plano Diretor. “Isto coloca Florianópolis numa posição de vanguarda”, enfatiza o presidente do IPUF, Ildo Rosa. “A diretriz que mais se destacou no PDP foi a ambiental”, revela.
O diferencial de trabalhar com o conceito de Reserva de Biosfera Urbana, segundo o Presidente do Conselho Nacional de Reserva de Biosfera da Mata Atlântica, Clayton Lino, é a possibilidade de pensar o território como um todo, pensar a gestão integrada do município e trazer os olhos do mundo para o lugar, já que uma RBau faz parte de uma rede internacional de Reservas com a supervisão da UNESCO.
Para Pesci, a RBau é um modelo mais integrador das questões naturais e culturais, e um caminho para pensar o futuro das cidades com a crise atual do planejamento urbano tradicional. Conforme o Presidente da Ibero-MAB – Programa Homem e a Biosfera, Sérgio Guevara, a maioria da biodiversidade do mundo não está em áreas protegidas, mas em áreas habitadas pelo homem. Ainda segundo Guevara, 60% da população tem seu primeiro contato com a natureza dentro da cidade, e a degradação ambiental que um cidadão produz é proporcional à qualidade da natureza que ele teve na infância. Por isso, “as cidades podem ser a melhor maneira de promover a conservação da biodiversidade”, analisa. E as Reservas da Biosfera pretendem justamente superar a visão de natureza longínqua e intocável para uma natureza no contexto da vida das pessoas, nas cidades.
I Seminário Internacional de Reservas da Biosfera em Ambiente Urbano
COMISSÃO ORGANIZADORA
Coordenação Executiva e Logística
Associação FloripAmanhã
Coordenação técnica e metodológica.
Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica – CERBMA-SC
Fundação CEPA/FLACAM
Fundação CERTI
Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis – IPUF
Fundação do Meio Ambiente – FLORAM
APOIO
Assembléia Legislativa do Estado de Santa Catarina – ALESC
Fundação Catarinense de Cultura – FCC
Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina – FAPESC
Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL
Universidade Federal de Santa Catatina – UFSC
APOIO INSTITUCIONAL
Comissão Brasileira para o Programa “O Homem e a Biosfera” – COBRAMAB;
Comitê das Reservas da Biosfera Ibero-Americano – IBEROMAB;
Conselho Nacional da Reserva de Biosfera da Mata Atlântica – CNRBMA;
Fundação de Amparo a Pesquisa e Extensão Universitária – FAPEU;
Governo do Estado de Santa Catarina;
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO-Brasil;
Prefeitura Municipal de Florianópolis.
Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável – SDS
(FloripAmanha.org, 17/12/2008)
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1 Comentário
Estou aguardando… realmente quero ver isso. (e ajudar inclusive)
Espero que não haja nenhum pinus ou eucaliptus nestas áreas de preservação. Que sejam feitas apenas com árvores nativas e frutíferas.
E que as áreas já existentes sejam mantidas, e não transformadas em shoppings e Resorts, que criarão outras áreas “compensatórias”…