Da coluna de Cesar Valente (De Olho na Capital, 12/09/2008)
O Ministério Público de Santa Catarina chamou a Casan, na quarta-feira, para uma reunião sobre o caso do alumínio em excesso na água distribuída à capital. Segundo o promotor de Justiça Fábio de Souza Trajano, a Vigilância Sanitária teria dito que os níveis do metal, ainda que acima dos padrões estabelecidos em lei, “não ocasionam problemas à saúde”.
Bom, nem vou tocar nessa questão complicada, de que alumínio “só um pouquinho acima do limite” é inofensivo. O que me chamou a atenção foi outra coisa.
A Casan explicou ao MPE por que os níveis de alumínio estão altos. Leiam, por favor, em voz alta e segurem os queixos, para que não caiam no chão:
“Os representantes da Casan presentes na reunião explicaram que está ocorrendo extração irregular de areia às margens do Rio Cubatão, que abastece a Grande Florianópolis. A irregularidade aumenta a turbidez e dificulta o tratamento, o que levou a companhia, em agosto, a adicionar maior quantidade de sulfato de alumínio, utilizado como coagulante no tratamento da água. Além disso, a companhia explicou que dois dos 12 filtros usados no tratamento da água estão danificados, e que sua recuperação levará três meses.”
Pegaram o sentido da coisa? Se não fosse um chato aí de um condomínio ficar insistindo que havia alguma coisa errada na água, se não tivesse sido acionado o MPE, a Casan continuaria, literalmente, tapando o alumínio com a peneira. Uma peneira de doze filtros, dos quais dois danificados. E quanto à extração de areia, que sujou a água, isso não é quase nada perto de outras coisas que podem contaminar os mananciais e que exigem, da empresa de saneamento, uma ação mais enérgica, profissional e responsável na apuração, correção e divulgação desses… acidentes.
EM TEMPO – Ontem a Casan avisou os jornalistas que faria uma entrevista coletiva às 15h. Pra mim, não disse qual seria o assunto, pro Moacir disseram que seria sobre cortes de água. Em todo caso não pude ir, porque neste horário estava dando um curso para os jornalistas da Diretoria de Comunicação da Assembléia. Mas achei que, no final do dia, no site da Casan, estaria pelo menos um resumo do que a coletiva tratou. Qual o quê! Fui lá olhar e a notícia mais recente era do dia 15 de agosto!
E ainda por cima, ao chegar no site, a gente é agredido com uns pop-ups imensos, daqueles que nenhum site amigável usa mais. Parecem feitos para que a gente perca a vontade de passar por lá.
ATUALIZAÇÃO DA MANHÃ
O Diário Catarinense traz um relato da coletiva (aqui). Disseram mais ou menos o que explicaram antes ao Ministério Público. Com agravantes: o presidente da empresa disse que “sempre soube” do excesso de alumínio. Mas como estava numa quantidade que “não causa problemas à saúde”, deixou a coisa rolar.
No seu estilo característico, disse que a imprensa exagerou ao avisar a população sobre o que estava ocorrendo. E que a divulgação desse tipo de coisa “só interessa a quem vende água mineral”.
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