Por Sérgio da Costa Ramos (DC, 11/11/2013)
Todo mundo de bom senso é a favor da preservação do meio ambiente. Mas é também contra os exageros que se cometem em seu nome cada vez com menor bom senso. Tem razão o senador Luiz Henrique da Silveira quando se queixa do irracionalismo de certos ecoteólogos, especialmente os de Floripa, que imaginam poder voltar à época do Paraíso, com direito a Adão, Eva e a serpente.
O Brasil, país de maior número de rios navegáveis do mundo – mais de um milhar – é também o de menor navegação hidroviária do planeta: contam-se nos dedos de uma mão os rios completamente navegáveis – ou as hidrovias com eclusas e mudanças de nível, capazes de oferecer salvadora alternativa ao massacre das rodovias, carretas de alta tonelagem no incessante duelo de vida e morte que se instalou no dia a dia das estradas.
Seja com zelo genuíno ou com desculpas histriônicas – “o golfinho, os baiacus, as piavinhas, as estrelinhas-do-mar, a pesca artesanal, a maricultura” –, são infinitos os óbices para um simples singrar de barco pelas baías de Floripa, virgens de novas marinas desde Sebastiano Caboto.
O panorama começa a mudar, a partir da vigência do novo Código de Gerenciamento Costeiro e do ânimo da nova prefeitura em enxergar com melhores olhos os bons projetos de equipamentos náuticos.
A boa solução salomônica está no uso sensato e manejado dos recursos naturais, posto que a pior tragédia a rondar terras e águas é o mal da ignorância, do atraso, da pobreza endêmica, da falta de empregos e do narcotráfico.
Há, nos tempos obscurantistas de hoje, um certo regresso à Idade Média, entre a queda do Império Romano e a ascensão de Carlos Magno –, tempos em que a comunidade básica da sociedade era uma pequena aldeia agrícola. Pela lógica daquela época, tão longínqua, a única maneira de os homens estarem em harmonia com a natureza seria viver “em nível de subsistência”.
Ninguém melhor do que o ex-presidente da Fatma Murilo Flores definiu, certa vez, o processo de licenciamento ambiental nos dias de hoje:
“É um embate entre o meio ambiente e os interesses econômicos, desde que não predatórios. E os dois têm que sair ganhando.”
No momento vivido por Floripa, os dois estão perdendo.
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