A construção civil em debate

Artigo escrito por Clovis R. Maliska – Professor na UFSC (DC, 28/09/2012)
Finalmente, estamos antevendo a possibilidade de ser discutida em uma eleição para prefeito o papel que a construção civil desempenha na mobilidade e na qualidade de vida dos florianopolitanos. Os candidatos sempre evitam esta questão porque parece impopular qualquer tentativa na busca de um crescimento controlado da cidade, pois seria imediatamente acusado de tirar os empregos e de barrar o crescimento.
Ninguém quer enfrentar a questão, primeiro porque pode se indispor com o setor da construção civil, quase sempre fontes de financiamento de campanhas, e, segundo, talvez, por desconhecimento do que é governar um cidade moderna, acham que deve-se deixar o município simplesmente crescer e que as soluções para isso são mais rodovias e mais viadutos, com o embrutecimento do local. Esquecem, ou não querem ver, que desta forma estamos no caminho do caos total, sem retorno.
Não acreditam que poderemos crescer em qualidade, com a repercussão na criação de empregos de maior renda, inclusive na construção civil. Também esquecem que fazendo edifícios com menos andares, mas com apartamentos de alta qualidade, a lucratividade pode ser maior do que construindo prédios com muitos andares e com apartamentos de baixo valor, que fomentam o crescimento desordenado.
É preciso ter em mente que a cidade não poderá abrigar todas as pessoas que querem aqui morar. Outras cidades precisam ser pensadas e planejadas e que ofereçam qualidade de vida para que as pessoas morem distribuídas e não concentradas.
Florianópolis precisa de um Plano Diretor que contemple seu crescimento sob outra ótica, a do crescimento em qualidade e não em quantidade. É preciso deixar de ter medo de falar no assunto, pois ele interessa a todos.