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Devem terminar até o fim deste ano as obras do Projeto Habitar Brasil em três comunidades da região continental de Florianópolis: Chico Mendes, Novo Horizonte e Nossa Senhora da Glória, todas perto do limite com o município de São José. Em quase dez anos de trabalho, uma área sempre vista como sinônimo de pobreza e violência mudou para melhor, de acordo com moradores, polícia e Prefeitura. Mas quem vive o dia-a-dia das localidades alerta que ainda há muita coisa a ser feita para que os habitantes tenham condições dignas de vida.

O projeto, que inclui substituição de barracos por casas populares, abertura de ruas, saneamento básico e regularização de terrenos, foi implantado em Florianópolis em 2000, em uma parceria entre Prefeitura, governo federal e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Com investimento de aproximadamente R$ 12 milhões, os trabalhos atenderam a cerca de 5 mil famílias da região inserida no bairro Monte Cristo. Para o secretário de Habitação da Capital, Átila Rocha dos Santos, a principal melhoria para os moradores das três comunidades foi a cidadania. “Quando você abre e legaliza ruas, você dá um endereço à pessoa. É a primeira necessidade do cidadão”, avalia.

As comunidades ganharam duas vias principais, as ruas Joaquim Nabuco e Elesbão Pinto da Luz. Com iluminação e organização, elas facilitaram o trabalho da polícia em uma das regiões mais violentas da cidade, segundo Rocha.

Moradores fazem passeata pela paz na região

No último dia 28, os moradores da comunidade Chico Mendes deram uma prova de que o poder público ainda tem muito o que fazer para resolver os problemas da região. Naquela sexta-feira, eles fizeram uma passeata pedindo paz na localidade. O tráfico de drogas e os homicídios entre os jovens estão entre as ocorrências mais graves.

O vice-presidente da associação de moradores da comunidade Novo Horizonte, Antonio Joel de Paula, acredita que o projeto mudou para melhor as condições de vida dos moradores, mas acha que ele está demorando a ser concluído. “Não sei vão conseguir terminar até o fim deste ano”, opina.

O setor “B” da Chico Mendes, perto de onde fica a escola da região (América Dutra Machado), é onde estariam mais atrasadas as obras, de acordo com De Paula. “Falta abrir ruas e construir casas ali”, diz.

Para Antonio Joel, segurança pública, saneamento básico e “inchaço” do bairro Monte Cristo são os problemas que deveriam ser resolvidos mais rapidamente. “O bairro cresceu assustadoramente e de forma desordenada”, alerta.

Além disso, afirma o líder comunitário, há carência de áreas de lazer para os jovens, um problema que poderia ser resolvido com a criação de um parque público em um terreno perto do hipermercado Big, mas “falta vontade política” para isso, na opinião dele.

PM aponta a redução de crimes

O comandante do 4º Batalhão da Polícia Militar (BPM), major Newton Ramlow, também afirma que houve queda nos índices de criminalidade da região. “Quanto mais urbanizado, menos violência”, constata. Para Ramlow, ruas largas e iluminadas facilitam as rondas e as incursões de policiais militares.

Dados da Central de Emergência da PM apontam uma redução no número de ocorrências atendidas na comunidade Chico Mendes. Em 2005, foram 256 enquanto que no ano passado o total caiu para 184. De 1º de janeiro e 30 de junho de 2007, exatamente na metade do ano, foram 61 ocorrências atendidas.

O major Ramlow espera que o mesmo processo ocorra no Maciço do Morro da Cruz, na área central de Florianópolis. Um projeto para urbanização de 17 comunidades da região vai receber recursos do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal. O custo total das obras é de R$ 47 milhões. “Os criminosos se escondem com mais facilidade nas regiões de difícil acesso, como nos morros do Maciço do Morro da Cruz”, afirma o comandante do 4º BPM.

(Felipe Silva, A Notícia, 06/10/2007)

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