Arquitetos e poder público estão trabalhando em conjunto para redesenhar os espaços públicos de Florianópolis. A idéia é aproveitar a discussão do Plano Diretor Participativo para transformar a Capital em uma cidade mais bonita e aconchegante.
A Oficina de Desenho Urbano – A Cidade Olhando o Mar, que começará no dia 12 de setembro, reunirá arquitetos e técnicos do Instituto do Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf), Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-SC), Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura e Departamento de Arquitetura da Universidade Federal de Santa Catarina. O grupo pretende redesenhar toda a orla, desde o manguezal do Itacorubi até o túnel Antonieta de Barros, a orla de Coqueiros, além das praças 15, da Alfândega e Fernando Machado.
Segundo a presidente da ONG FloripAmanhâ, Anita Pires, que promove a oficina, a proposta parte do princípio que a cidade cresce sem planejamento ou desenho. “Vivemos em um local lindo como paisagem, mas muito feio em termos arquitetônicos. Os prédios não agregam design, as nossas praças são mal cuidadas e as calçadas se encontram em péssimo estado”.
Anita cita Curitiba, cidade que não tem tantas belezas naturais, mas se tornou referência em urbanismo. “Um exemplo é a Pedreira, que foi transformada em um belíssimo teatro de arena. Em Florianópolis ocorre o contrário. Um caso emblemático é o do projeto do Burle Marx para o aterro da Baía Sul, que acabou sendo transformado em estacionamento e camelódromo”, acrescenta.
Plano Diretor é base do projeto
Para o presidente do Ipuf, Ildo Rosa, o processo de elaboração do Plano Diretor Participativo é um momento crucial para que todos os setores da sociedade repensem Florianópolis. “Essa discussão enfatiza um aspecto que considero fundamental, que é a ocupação dos espaços públicos. A idéia é realizar um trabalho de resgate e revitalização da orla, que é parte nobre da nossa cidade e que merece um tratamento especial”.
Segundo Rosa, este resgate não tem somente valor estético, mas também promove a auto-estima e o respeito aos bens públicos. “Em Medellín, na Colômbia, este tipo de projeto resultou no decréscimo dos índices de violência e a preocupação com os espaços públicos no centro acabou sendo absorvida também pelos bairros”, aponta.
O presidente da Fundação Municipal do Meio Ambiente (Floram), Itamar Bevilacqua, afirma que Florianópolis vive um momento revolucionário. “Preocupações antes isoladas estão vindo à tona em diferentes comunidades”, afirma.
Fotos foram o começo de tudo
O projeto iniciou-se em uma pré-oficina, onde os arquitetos caminharam e fotografaram o Centro. já foi elaborada toda a metodologia, e os trabalhos agora enfocam a infra-estrutura e regulamentação.
Serão levantados os projetos em andamento na cidade e feitas consultas a órgãos como Casan, Celesc e Gerência Regional do Patrimônio da União. “Pretendemos trazer palestrantes de cidades que já trabalharam sua orla, como o Rio de Janeiro, Belém e Barcelona”.
O professor do mestrado em Urbanismo da UFSC, César Floriano, participa com o trabalho “Florianópolis: cidade sitiada”, um retrato das intervenções classificadas por ele como “invasões bárbaras”, como alambrados, calçadas obstruídas, quiosques que proliferam nos espaços públicos. “A palavra sitiada vem no sentido de invadida. Quando vemos a cidade de longe, as visões panorâmicas são incríveis. Mas de perto, convivemos com uma pobreza estética absurda na paisagem desenhada pelo homem”, diz.
(Natália Viana, A Notícia, 13/08/2007)
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