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Vinicius Lummertz
Ex-ministro do Turismo e ex-presidente da Embratur no governo Temer

Florianópolis é uma cidade excepcional, bem cuidada por seus habitantes e governos, e elogiada por seus visitantes. É a capital de um verdadeiro “país”, Santa Catarina, um Estado fora de série que, segundo projeções do IBGE, poderá ultrapassar o Rio Grande do Sul em população e PIB em 2046 e o Paraná em 2056. Santa Catarina já é o segundo Estado mais competitivo do Sul do Brasil, com os melhores índices socioeconômicos do país. Tantos potenciais atraem pessoas e negócios, produzindo desafios que exigem visão, diálogo e planejamento.

Poucas cidades no mundo reúnem tantas vocações e talentos simultaneamente quanto a capital catarinense. Florianópolis tornou-se a Capital Nacional das Startups, reconhecimento oficial do Congresso Nacional, contando com mais de 6.000 startups. Mas também merece ser chamada de Capital Mundial da Natureza, pois nenhuma outra capital do mundo possui um acervo natural tão expressivo: 60% do território insular é composto por Mata Atlântica em recomposição, belas lagoas (de água doce e salgada), praias de variadas belezas e extensas dunas brancas.

Além disso, Florianópolis tem vocação para se tornar a Capital Marítima do Hemisfério Sul, seu destino original, com a construção do Parque Marina Beira-Mar Norte, que em breve receberá sua ordem de serviço, e a ampliação de estruturas náuticas nas baías. A cidade também se consolidará como o ponto central do fluxo náutico entre Buenos Aires, Rio de Janeiro e São Paulo. Vale lembrar que Santa Catarina produz 70% dos barcos de lazer do Brasil e possui o maior porto pesqueiro do país, localizado em Itajaí.

O papel de Capital Turística já está consolidado. Com a gestão da suíça Zurich Airports, Florianópolis saiu do pior para o melhor aeroporto do Brasil e agora está conectada à Europa e ao mundo via TAP. Ligada também à Cidade do Panamá, conecta 58 destinos nas Américas Central e do Norte e, em breve, terá voos diretos aos Estados Unidos. No entanto, ainda faltam equipamentos adequados para o turismo de eventos. A cidade carece, por exemplo, de “venues” para jantares de 300 pessoas ou mais, congressos, casamentos e shows. O Costão do Santinho, de Fernando Marcondes de Matos, é uma bela exceção. Tivemos sucesso com o CentroSul, mas esse centro de eventos já está ultrapassado.

Nosso modelo de multicapital precisa ser tratado de forma diferenciada. Como capital política – nosso papel constitucional – Florianópolis atrai viajantes. Além disso, destaca-se como Capital Regional do Conhecimento, da Educação e da Inovação, preparando-se para se tornar uma Capital da Saúde e, quem sabe, um dia, uma Capital Cultural. Temos ainda a celebrar o título de Cidade UNESCO da Gastronomia. Para receber esses públicos qualificados, precisamos elevar o padrão de estrutura, receptivo e hospitalidade. O turismo deve ser tratado como um setor de atividade permanente, e não apenas sazonal. Aumentar o gasto per capita dos visitantes e diversificar as experiências oferecidas é essencial.

Diferente de destinos como Gramado ou Balneário Camboriú, voltados para tipos específicos de turismo, Florianópolis deve ancorar suas múltiplas vocações. A reconversão dos aterros, atualmente em estudo pela prefeitura, pode representar uma virada de chave, corrigindo erros do passado e abrindo novos espaços.

A Multicapital Florianópolis pode almejar ainda mais. Tornar-se uma Capital Cultural e Artística do Sul do Brasil, valorizando a cultura açoriana, fortalezas históricas e artistas contemporâneos de renome que ainda não recebem o devido reconhecimento. A Ofic (Orquestra Filarmônica de Florianópolis), ao lado da Camerata Florianópolis, é um passo importante para esse fortalecimento cultural. E parece que começamos a viver a “era dos arquitetos”, com renomados profissionais nacionais e estrangeiros se unindo aos nossos melhores talentos locais.

Desde a inauguração do Centro Integrado de Cultura, nos anos 1980, no governo de Jorge Bornhausen, foi construído o CIC, grandioso para o seu tempo, mas limitado para o nosso futuro. Hoje, a cidade sonha ainda mais alto, com novos projetos, como o grande centro cultural no local da antiga penitenciária e o museu digital Madi.

Podemos ir ainda mais longe: Florianópolis tem potencial para se tornar a Capital da Inteligência Artificial e das Fintechs, consolidando-se como um polo de sistemas financeiros alternativos. Poderíamos lutar pela instalação de um grande data center. Nossa qualidade de vida, especialmente no Sul e no Leste da Ilha, junto ao aeroporto, na grande planície do Campeche, nos permite novos sonhos possíveis, como foram os da Acate, Certi e Sebrae, já realizados.

Podemos nos tornar um centro de headquarters e P&D, como já ocorre com o Sapiens Parque, que abriga estruturas da Petrobras e da JBS. A gestão do prefeito Topázio Neto preparou esse caminho com a aprovação do novo Plano Diretor, uma vitória sua, de sua equipe, dos vereadores e da sociedade civil, representada pelo Floripa Sustentável e suas 45 entidades. Esse Plano Diretor reformado nos tirou do limbo jurídico, contemplando novas centralidades, reforçando as vocações da cidade e melhorando as finanças municipais com muitos benefícios sociais.

Perante o Brasil e o mundo, Florianópolis transcende os limites municipais. Vai de Garopaba a Tijucas, de Rancho Queimado ao Aeroporto Hercílio Luz. Internamente, devemos instituir a Região Metropolitana de forma efetiva, planejar o crescimento regional e formar consórcios municipais. Isso nos dará escala para soluções do tamanho da Grande Florianópolis.

Sonhemos com uma cidade ampliada, a mais natural e moderna do Brasil, digna de ser chamada de Capital Metrópole Verde e Azul do Sul do Oceano Atlântico.

(ND, 11/03/2025)

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