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Em evento sobre pluralidades femininas, no TCE/SC, palestrante defende desburocratizar políticas públicas para deixá-las mais eficientes

Se, ao montar uma política pública, o gestor levar em consideração o atendimento à mulher, mãe, negra e de periferia, ele estará atendendo a maior parte do seu público-alvo. A afirmação é da secretária de Políticas da Mulher do Município do Rio de Janeiro, Joyce Trindade, em palestra que ocorreu na tarde desta quinta-feira (6/7), durante o evento “Pluralidade Femininas”, organizado pelo Tribunal de Contas de Santa Catarina (TCE/SC). Além dela, a tarde contou com palestras da tenente-coronel Naíma Amarante, da Polícia Militar de Santa Catarina, e de Tatiana Custódio (Lince), Luana Bayestorff (Nidus), Gabriela Tamura (WeGov) e Nara Caliman (LabGes), que falaram sobre inovação.

Em sua palestra “A gestão pública e o olhar feminino”, Joyce reforçou a ideia de que políticas públicas devem ser pensadas para todo o ciclo de um cidadão e ressaltou que ações de atendimento a pessoas mais vulneráveis têm de ser desenvolvidas a partir de inovações e com a aceitação de outras condicionantes além de documentos oficiais. Para exemplificar, citou comunidades do Rio de Janeiro comandadas pelo crime organizado, onde moradores não fazem boletins de ocorrência para não haver retaliações dos controladores da área. “Uma mulher agredida e que precisa deixar o local não consegue fazer um B.O. Ela precisa de alguma forma alternativa de transferência de renda para que ela saia de onde está”, comenta.

Por cerca de 40 minutos, a palestrante discorreu sobre a importância da existência de políticas públicas para o desenvolvimento da sociedade como um todo, porque, afirma Joyce, “o combate à desigualdade resolve muitas questões, inclusive o da segurança pública”. Ela acredita que apenas políticas públicas eficientes são capazes de levar jovens como ela, criadas com poucos recursos financeiros e dependentes do serviço público, a melhorarem as condições de vida e quebrarem os padrões atuais: “Não é legal apenas romantizar as necessidades e as tristezas”.

Na sequência, a palavra foi da tenente-coronel Naíma Amarante. Ela fez um relato das dificuldades pessoais pelas quais passou até chegar à PM catarinense e de como elas acabaram influenciando na sua formação. No tempo de fala, fez relato de situações nas quais o machismo estrutural esteve presente no seu dia a dia, como os pedidos de transferência apresentados por policiais militares quando souberam que seriam comandados por uma mulher na Força Nacional da Segurança Pública. Ao citar Maria Quitéria de Jesus, primeira mulher a fazer parte do Exército Brasileiro, afirmou que “ninguém fala sobre as mulheres que fizeram história porque grande parte da história é escrita por homens”.

Inovação 

O último painel, chamado “Promovendo Inovação”, contou com Tatiana Custódio, coordenadora do Laboratório de Inovação do Controle Externo (Lince); Luana Bayestorff, coordenadora do Laboratório de Inovação do Governo de Santa Catarina (Nidus); Gabriela Tamura, empreendedora do WeGov; e Nara Caliman, coordenadora da Subsecretaria de Inovação na Gestão (LabGes). Elas destacaram, principalmente, as dificuldades que enfrentaram ao inovarem nas suas áreas, já que a inovação ainda é vista como algo ligado à tecnologia e a tecnologia como algo ligado ao universo masculino.

(TCE, 06/07/2023)

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