Editorial (DC, 28/10/2009)
O fato de o Estado ter sido escolhido, pela terceira vez consecutiva, como o melhor destino turístico do Brasil pelos leitores da revista especializada Viagem e Turismo, se merece ser comemorado, não foi suficiente para melhorar as perspectivas em relação à temporada de verão que se aproxima. Principalmente no que se refere aos turistas de poder aquisitivo mais alto, aqueles visitantes que aqui aportam a bordo de navios de cruzeiro ou de voos fretados. A tendência de crescimento deste atraente segmento, este ano, é de 15% em relação à última temporada, na estimativa do presidente da seção catarinense da Associação Brasileira de Agências de Viagem (Abav-SC). Muito abaixo da expectativa. Este tipo de visitante, por óbvio, é mais exigente, valoriza seu dinheiro, e não se satisfaz apenas com a beleza das paisagens e a diversidade cultural dos lugares que percorre. Ele quer atendimento de nível profissional, conforto, segurança, serviços e infraestrutura de qualidade. Está coberto de razão o presidente da Abav-SC quando aponta a ampliação e modernização dos aeroportos principalmente do Hercílio Luz e a construção de terminais portuários turísticos como fundamentais para aumentar o receptivo de turistas com este perfil.
Causa espanto, para dizer o menos, que Florianópolis, considerada a capital turística do Mercosul, até hoje, não disponha de um porto turístico, ou sequer de um atracadouro confiável, para receber os navios de cruzeiro que singram os mares. O único local de fundeio, localizado na entrada da Baía Norte, cuja operação sujeita-se aos humores do clima, não responde às exigências mínimas para este tipo de equipamento. Porto Belo, que, normalmente, recebia muitos liners de longo curso, perdeu 60 escalas este ano. Neste caso, a burocracia também “ajudou”, pois os navios de grande calado têm que aportar em Imbituba, antes de desembarcar seus passageiros naquele aprazível balneário, para que a Receita Federal faça a chamada nacionalização da embarcação.
Este ano, outros fatores pontuais, como o temor da ocorrência de novas fatalidades climáticas, também contribuíram para frustrar expectativas. Mas, se as forças da natureza são incontroláveis e imprevisíveis, os outros obstáculos ao crescimento do turismo de ponta no nosso Estado são removíveis porque dizem respeito à burocracia e a obras de infraestrutura sob responsabilidade dos poderes públicos – obras que incluem a implantação de terminais marítimos turísticos e a ampliação e modernização de aeroportos.
De todo o resto, encarregam-se a natureza esplendorosa, a vigorosa e diversificada cultura e a hospitalidade de Santa Catarina e seu povo.
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