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Tecnologia moderniza uma das mais tradicionais atividades de Florianópolis

O maricultor Vinicius Marcus Ramos, 31 anos, usa a internet para acompanhar as etapas da produção de suas ostras, vendidas para 31 restaurantes da Grande Florianópolis. Ramos é um exemplo do quanto o cultivo de ostras comestíveis avançou em 20 anos de atividade e transformou Florianópolis em referência nacional de produção. A Festa Nacional da Ostra e da Cultura Açoriana (Fenaostra), que começa hoje e vai até o dia 25, não poderia ser em outro lugar.

Há 10 meses, Ramos trabalha para garantir o carregamento de ostras para a festa deste ano. Único produtor certificado pelo Sebrae no Sul da Ilha, começou a fornecer a principal atração do evento aos poucos. Primeiro foram mil dúzias, depois quatro mil, seis mil, até chegar a 12 mil dúzias, no ano passado. Nessa edição, ele calcula que pode entregar até 15 mil dúzias da iguaria que já conquistou a mesa de restaurantes consagrados também no Rio de Janeiro e em São Paulo.

– Com o passar dos anos, a rede de contatos foi aumentando – diz, orgulhoso.

O maricultor pegou carona na internet. Com Orkut, Twitter e um site especializado do rancho no Ribeirão da Ilha, ganhou credibilidade e conquistou espaço no mercado. O consumidor mais detalhista, por exemplo, acompanha pelo site, em quatro câmeras, a chegada das ostras, passando pela lavagem e seleção. Detalhes como o lavador a jato de pressão de água salgada e o transporte em veículo refrigerado agregam valor à produção.

O engenheiro agrônomo da Epagri e um dos três idealizadores da Fenaostra, Alex Alves dos Santos, salienta a projeção gerada pela festa para Florianópolis e Santa Catarina como maior Estado produtor e polo gastronômico. A festa cumpre o objetivo original de escoar a produção da Ilha, além de popularizar o consumo.

– O pessoal de fora, quando fala em Florianópolis, lembra da Ponte Hercílio Luz e das ostras – avalia.

Santos lembra que, na primeira edição do evento, implorou para que restaurantes participassem e incluíssem um prato elaborado com ostras no cardápio. Eram três apenas. A partir da sexta edição, a organização já precisou selecionar os restaurantes. Hoje são 14 na festa, que espera receber 200 mil visitantes na edição de 2009.

Produção de sementes começou na UFSC

A história do cultivo de ostras na Ilha tem como marco inicial a produção de sementes pela Universidade Federal de Santa Catarina, a partir de 1990. A espécie Crassostrea Gigas, originária do Pacífico, encontrou o ambiente ideal para se desenvolver nas água calmas, com temperatura mais amenas, das baías norte e sul. A ostra está pronta para ser consumida em oito meses, muito mais rápido do que as encontradas no Chile, por exemplo, prontas para o consumo em dois anos. As ostras europeias estão na mesa do eixo Rio-São Paulo em menos de 24 horas, mas levam quatro anos para ficarem prontas.

– Nossa capacidade de produção é altíssima. Podemos triplicar de um ano para o outro. Por isso os franceses ficaram abismados quando viram o que tínhamos aqui – completa Santos.

(DC, 16/10/2009)

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