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Laboratório da UFSC estuda espécies e apoia produtores e parceiros no desenvolvimento de tainhas, robalos e sardinhas

Tainhas de 2 anos nascidas no LAPMAR. Foto: divulgação

Há 30 anos, quando pouco se falava sobre criação de peixes e, em especial de espécies marinhas, um projeto desenvolvido pelo Laboratório de Piscicultura Marinha (Lapmar) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) já trabalhava na produção de tecnologias e na difusão de conhecimentos sobre peixes marinhos em cativeiro. Localizado no leste da Ilha de Santa Catarina, na Estação de Maricultura Professor Elpídio Beltrame, do Departamento de Aquicultura do Centro de Ciências Agrárias da UFSC, o Lapmar hoje é um dos poucos laboratórios do gênero no país dedicado à pesquisa, ao ensino e à extensão.

O projeto conta com apoio há cerca de duas décadas da Fundação de Amparo à Pesquisa e Extensão Universitária (Fapeu). “A fundação é muito importante para administrar os recursos financeiros oriundos de agências de fomento e da comercialização de peixes excedentes das pesquisas. Estes recursos são usados na aquisição de insumos para a criação dos peixes e para a manutenção das atividades essenciais ao funcionamento do Lapmar”, explica o professor Vinicius Ronzani Cerqueira, coordenador do projeto.

O quadro permanente do projeto tem o professor Cerqueira e os técnicos administrativos e doutores em Aquicultura Caio França Magnotti e Fabíola Santiago Pedrotti. Além desse grupo, a equipe conta neste momento com 10 alunos da UFSC: duas pós-doutorandas, quatro doutorandos e três mestrandos da pós-graduação em Aquicultura, e três graduandos do curso de Engenharia de Aquicultura. “O projeto trabalha com geração de tecnologia para a produção de peixes marinhos em cativeiro. Para isso temos instalações para produção experimental de alevinos de peixes marinhos, sem a qual não existe a piscicultura. Um trabalho também importante é transmitir informação sobre essa tecnologia para produtores, pesquisadores e técnicos”, define o coordenador dos trabalhos.

Início

O projeto começou com a reprodução da espécie de robalo-peva (Centropomus parallelus). Durante alguns anos foram otimizados os resultados das desovas, da criação de larvas e juvenis. A partir destas informações acumuladas passou-se a trabalhar com uma outra espécie, o robalo-flecha (C. undecimalis). E nos últimos 10 anos, a equipe do Lapmar passou a trabalhar com espécies não-carnívoras, consideradas de grande importância em um tipo de criação em grande desenvolvimento por ser ambientalmente sustentável: a aquicultura multitrófica integrada. A primeira espécie estudada foi a sardinha-verdadeira (Sardinella brasiliensis), uma espécie considerada frágil mas muito explorada comercialmente, inclusive os indivíduos juvenis, que são usados como iscas-vivas para captura do bonito-listrado. “Desenvolvemos com sucesso técnicas de indução hormonal de desova, até com indivíduos nascidos em cativeiro, que hoje são totalmente aclimatados às condições de confinamento, com desovas naturais (sem a necessidade de indução hormonal) durante o ano. Atualmente estamos com indivíduos da terceira geração”, comenta o professor Cerqueira.

A segunda espécie não-carnívora foi a tainha (Mugil liza), quando foram resgatadas pesquisas iniciadas nos anos 1980 na UFSC. Inicialmente foram utilizados peixes selvagens para obter a desova com hormônios. Porém em 2019 houve a maturação sexual e a desova de tainhas da primeira geração em confinamento. “Com estas duas espécies, tivemos desovas e larviculturas bem-sucedidas nos últimos cinco anos, com a produção de mais de 200 mil juvenis. Nossa ênfase é no processo reprodutivo e na criação de larvas. Entretanto, para todas as espécies, desenvolvemos ou ajudamos a desenvolver, junto com parceiros, técnicas de engorda em sistema intensivo ou semi-intensivo”, explica o professor.

Educação ambiental

As atividades são desenvolvidas com parcerias públicas ou privadas de Santa Catarina ou de fora do Estado. “Atualmente temos domínio completo da maturação e da reprodução dos robalos, tainhas e sardinhas estudadas pelo Lapmar. A produção de juvenis é planejada de acordo com a demanda dos experimentos realizados no laboratório e instituições parceiras (Epagri, Udesc, Univali, Furg, Unesp, etc.), sendo o excedente de pesquisa vendido à comunidade”, destaca Cerqueira.

“Um projeto recente que apoiamos com satisfação, fornecendo peixes e material, foi uma unidade de criação no mar, coordenado pela prefeitura de Bombinhas, que funcionou basicamente como instrumento de educação ambiental”, lembra o professor Cerqueira. Outra parceria importante na questão educacional foi com o Aquário de Balneário Camboriú. “Esse fornecimento nos deixou particularmente satisfeitos, considerando a importante função ambiental que o empreendimento tem. No momento, diversas sardinhas, robalos e tainhas nascidos na UFSC estão lá expostas, sem a necessidade de captura na natureza”, diz o coordenador.

Página

O projeto também atende produtores de todo o país, atualmente com ênfase em propriedades do Rio Grande do Norte, São Paulo, Rio de Janeiro, além de Santa Catarina. Os produtores são acompanhados durante os procedimentos de transporte, aclimatação e engorda dos peixes, sendo assistidos por servidores e alunos do laboratório que acompanham o desenvolvimento dos peixes e o manejo, com adequações para a realidade de cada região. “Temos ótimo retorno de todos os envolvidos no projeto e estamos muito satisfeitos com os resultados obtidos”, observa o professor.

“Da parte das instituições parceiras de pesquisa, grandes avanços científicos e tecnológicos podem ser observados para a atividade da piscicultura marinha. Da parte dos produtores, houve bons resultados de criação em grande escala. Os mais expressivos foram com robalo e tainha no Rio Grande do Norte, criados em viveiros de camarão. E com a sardinha, criada com sucesso em tanques rede na Universidade do Vale do Itajaí (Univali), na enseada da Armação do Itapocoroy, no município de Penha, no Litoral Norte catarinense. Atualmente, temos demanda de produtores de todo o Brasil, o que demonstra que a criação de um laboratório comercial de produção de juvenis de peixes marinhos (das espécies listadas acima) é de grande importância para o desenvolvimento da atividade.”, acrescenta.

As comunicações com os criadores são feitas por internet ou telefone, além de visitas de produtores ao laboratório e fornecimento de textos técnicos. Todos os procedimentos desenvolvidos no laboratório também estão disponíveis ao público no site do laboratório por meio de cartilhas, manuais técnicos, capítulos de livro, resumos de congressos, dissertações, teses e artigos científicos. Acesse o site e aproveite todo esse conhecimento.

(Este texto integra a 12ª edição da Revista da Fapeu, que pode ser acessada aqui)

(UFSC, 25/11/2020)

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