Artigo de Lélia Pereira Nunes
Escritora e membro da ACL (Academia Catarinense de Letras)
É muito comum se ouvir dizer, erroneamente, que a farinha de mandioca é uma “tradição trazida pelos açorianos”. Quando a Rede Catarinense de Engenhos pleiteia o Registro de Saberes e Práticas Tradicionais associados aos Engenhos de Farinha de Mandioca como Patrimônio Cultural de Florianópolis, Santa Catarina e do Brasil é bom esclarecer este “ser ou não ser de origem açoriana”.
Os povoadores açorianos não trouxeram o hábito de comer farinha de mandioca das suas Ilhas. Até porque desconheciam a mandioca. Oriundos, na maioria, das ilhas centrais, Terceira, Graciosa, Faial, Pico, São Jorge, eram lavradores e cultivavam trigo e cevada. Os grãos eram moídos em atafonas movidas pela energia eólica – “os moinhos de vento”
É fato que tentaram muito cultivar o trigo, a base do seu sustento como são os inhames, as batatas, a carne e os peixes de alto mar. Porém, o trigo não vingou. Então, eles cultivaram a mandioca (cultura indígena), produzindo uma farinha tão fina, suave e branquinha quanto o trigo.
Com os índios, aprenderam o uso da mandioca na alimentação: o pirão d’ agua, o beijú, o piroca e ainda, a extrair o polvilho com o qual produziram roscas, broas, bijajicas e outras iguarias. Desenvolveram uma culinária regional típica, misturando os saberes e fazeres das nove ilhas vulcânicas do além-mar com os saberes dos nossos índios.
Em 1797 havia em Desterro 17 atafonas de trigo e 87 engenhos de mandioca. Nota-se a insistência dos açorianos em cultivar o trigo e, por outro lado, a crescente transformação da mandioca em farinha, a cultura nativa. Os nossos engenhos de mandioca foram desenvolvidos a partir do saber indígena no manejo da raiz mandioca com o know how dos “moinhos de vento” dos açorianos.
Ou seja, os açorianos interviram nos instrumentos e nos mecanismos operacionais das etapas da fabricação e não na essência do processamento em si. Hipótese defendida e comprovada por Walter Fernando Piazza e Nereu do Vale Pereira e que, evidentemente, eu corroboro. Para melhor fabricarem a farinha adaptaram a técnica de construção dos engenhos, utilizando a força animal. Hoje, já são raros os tradicionais engenhos em que ainda ouvimos “cantar” em tempo de farinhada. A nossa saborosa farinha nasceu do encontro da sabedoria indígena com o conhecimento dos povoadores açorianos na grande aventura de viver em terras abençoadas por Santa Catarina.
(ND, 23/05/2019)
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