A Câmara de Vereadores abriu o espaço do Grande Expediente desta terça-feira (14/05) para homenagear a abertura da temporada de feitio de farinha de mandioca artesanal, um dos alimentos mais típicos da região de Florianópolis. Durante a sessão, foi realizado o pedido de reconhecimento dos Saberes e Práticas Tradicionais associados aos Engenhos de Farinha de Santa Catarina como patrimônio cultural e imaterial para para a Fundação Franklin Cascaes (FCC), reforçando o pedido feito ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
Marquito afirmou que preservar a cultura é o centro de todas as civilizações e a garantia de permanência da nossa história na Terra: “Além de toda a tradição, existe muito trabalho árduo e, por isso, merecem o título de patrimônio cultural e imaterial”. O requerimento é de autoria do vereador Marquito (PSOL) e foi aprovado por todos os vereadores.
Ataíde Silva, representante da rede catarinense de engenhos de farinha do Sul da Ilha, explicou que é necessário o reconhecimento da cultura, dos valores agregados e das famílias que dedicaram anos ao trabalho nos engenhos: “É a memória da nossa cidade, nossa identidade cultural, formação histórica e econômica através da agricultura e da pesca artesanal”.
“O pedido de reconhecimento do patrimônio cultural e imaterial para os engenhos de farinha, são a própria prova de sua importância”, afirmou Roseli Pereira, Superintendente da Fundação Franklin Cascaes.
Conheça a história dos Engenhos de Farinha
Os açorianos que chegaram ao litoral catarinense a partir de 1748, eram, basicamente, lavradores, acostumados a plantar o trigo, principal fonte de alimentação do arquipélago, e a cevada. Trabalhavam com atafonas na moagem do trigo, utilizando a força eólica para movimentar os poéticos “moinhos de vento”, muito comuns no arquipélago de Açores. Aqui, o trigo não vingou, as terras não eram apropriadas para esse tipo de cultivo, pela presença de densas florestas, relata Virgínia Brandão, em estudo sobre a cultura da produção de farinha artesanal açoriana.
Na comparação com o método indígena de fazer a farinha, que era bastante rudimentar e pouco rendoso. criaram adaptações com a tecnologia que conheciam para gerar movimento nos engenhos, utilizando-se da força de um boi. A criação desse processo de beneficiamento da mandioca, já no final do século 18, levou a antiga Vila de Nossa Senhora do Desterro, na Ilha de Santa Catarina, a exportar excedentes de farinha de mandioca e polvilho para o Rio de Janeiro e para a província de São Pedro do Rio Grande do Sul, se tornando um dos principais itens da economia da cidade.
(CMF, 14/05/2019)
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