De acordo com dados da Epagri, Santa Catarina é o maior produtor nacional de moluscos, respondendo por cerca de 95% da produção brasileira de mexilhões e ostras. Com 589 produtores espalhados ao longo de 12 municípios costeiros, a atividade gera cerca de 1.500 empregos diretos no processo produtivo.
Estima-se ainda o envolvimento de mais 5.000 postos de trabalho ao longo de toda a cadeia produtiva, desde a produção de equipamentos e insumos até a distribuição e venda para milhares de consumidores finais. Segundo a Síntese Informativa da Maricultura, divulgada pela Epagri/CEDAP (Centro de Desenvolvimento em Aquicultura e Pesca), a produção de moluscos comercializados em 2015 por Santa Catarina foi de 20.438 toneladas.
Além de ser destaque nacionalmente com elevado número de produtores rurais participando do programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG), o Sistema FAESC/SENAR-SC coloca Santa Catarina em evidência como o primeiro Estado brasileiro a ofertar ATeG em Maricultura. “O programa iniciou em novembro de 2016 e conta com a participação de 24 maricultores divididos entre os municípios de Florianópolis, Palhoça e Biguaçu”, informa o presidente do Sistema, José Zeferino Pedrozo.
O técnico da ATeG Rafael Luiz da Costa acompanha os maricultores colaborando com a gestão das fazendas marinhas, tendo em vista que o setor da aquicultura apresenta baixo conhecimento gerencial, dificultando a tomada de decisões dentro da atividade. “Alguns produtores não realizavam anotações relacionadas as despesas e receitas e, a partir das visitas, iniciamos o levantamento de dados das fazendas marinhas para que seja feita o controle gerencial”, explica.
Segundo Costa, os maricultores estão na etapa de análise de custos de produção e ainda não apresentam resultados em decorrência de não existir um software específico para a atividade. “Estamos elaborando uma planilha de cálculo que seja objetiva e de fácil aplicação, pois na aquicultura, especificamente a maricultura, diferente da agricultura e pecuária, os animais ficam submersos e diretamente dependentes das variações ambientais”, observa.
O superintendente do SENAR/SC, Gilmar Antônio Zanluchi, salienta que durante as visitas é possível desenvolver o levantamento de dados junto aos maricultores e, a partir disso, promover o inventário dos recursos além de trocar informações técnicas relacionadas a produção e comercialização dos moluscos. “O Sistema FAESC/SENAR-SC incentiva o desenvolvimento da maricultura em Santa Catarina, demonstrando a sua importância e relevância para o Estado. A ATeG auxiliará na organização da produção trazendo, futuramente, maior retorno financeiro e, também, dando o destaque que o setor merece”, esclarece.
Maricultura de Florianópolis
Adécio da Cunha, de 64 anos é aposentado e há 17 anos trabalha no cultivo de ostras e mariscos. Junto com a esposa são proprietários da Fazenda Marinha Cia das Ostras, localizada no Ribeirão da Ilha em Florianópolis. “Quando me aposentei, procurei meios de complementar a renda familiar. Em 2000, com a proposta de um amigo, me tornei sócio de uma fazenda marinha, sociedade que durou três anos. A produção iniciou com 30 mil sementes de ostras e algumas pencas (assim chamadas as cordas com mariscos) de mexilhão. Aos poucos a família foi se envolvendo no negócio. Hoje somos considerados produtores familiares”, conta.
O maricultor Ademir Dario dos Santos tem 62 anos e há mais de 25 trabalha com maricultura em Santa Catarina. É um dos pioneiros no Estado. Segundo ele, a maricultura surgiu como um incremento de renda para os pescadores. “A atividade oportuniza emprego e renda para muitas famílias do litoral catarinense gerando a auto sustentabilidade e suprindo necessidades de muitos pescadores”, avalia.
A fazenda marinha Paraíso das Ostras de Vinicius Ramos localizada em no extremo sul da ilha de Florianópolis, há 900 metros do mar aberto, tem uma produção anual de três milhões de sementes de ostras e vieiras. Ao contrário da grande maioria de maricultores, Ramos efetua o controle de custos por meio de um software em que também são emitidas notas fiscais e boletos. “São raros os maricultores que efetuam a gestão financeira de suas fazendas, isso porque muitos têm a maricultura como uma segunda renda e não como a principal. Acredito que a ATeG servirá como um divisor de águas para conscientizar os produtores sobre a importância do acompanhamento técnico e gerencial”, considera.
(Portal da Ilha, 16/06/2017)
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