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Maricultores questionam critérios e Epagri admite revisão de áreas demarcadas para maricultura

Como cercas que separam uma propriedade da outra, grandes boias alaranjadas se destacam no colorido azul e branco dos cultivos de ostras, mariscos e vieiras das baías de Florianópolis. Esperada há duas décadas para a regularização das fazendas marinhas, a demarcação de lotes aquícolas por enquanto traz incerteza à parcela dos produtores da Ilha, principalmente no trecho entre a ponta da Caiacanga e a Caieira da Barra do Sul.

Entre eles, estão as irmãs Tânia da Cunha, 53 anos, e Hortência, 47, e o cunhado Rafael Medeiros, 41, que produzem em área de baixa profundidade na Caieira da Barra do Sul. Atualmente os três trabalham com espécie de parreiras – estrutura de madeira do tipo palafita que mantém lanternas suspensas na água.

Lá, as áreas de cultivo foram demarcadas sobre o baixio da croa, e devem ser transferidas em um ano. “Isso vai afetar a produtividade, em períodos de maré baixa, as lanternas ficam amontoadas no fundo. Além disso, teremos de retirar as estacas antigas, que estão fincadas”, diz Tânia, que trabalha só com mariscos. “Ostra dá mais dinheiro, mas é mais pesado”, explica.

Há 14 anos na atividade, Medeiros diz que a maior parte dos micro-organismos que alimentam as ostras circula na superfície marinha, e que os caramujos predadores se concentram na parte rasa da baía. “Estamos esperando o pessoal da Epagri para resolver isso. Será preciso rever as áreas licitadas”, observa.

Situação semelhante é vivida por Ademar Arlindo Barbosa, na Caiacanga, onde as áreas de cultivo também dependem de parreiras. “É inviável. Também há conflitos com pescadores, com marinas e até com proprietários de casas de veraneio”, acrescenta Barbosa, na profissão há 13 anos.

Produtor na Ponta Funda, ao lado da barra sul da Ilha, Vinícius Ramos é outro que aponta equívocos. “A intenção é boa, mas a execução causa conflitos”, diz. Um dos impasses, segundo ele, é causado por moradores de veraneio e donos de embarcações de lazer, que não aceitam parques aquícolas defronte às casas. “Toda a enseada da Caieira, por exemplo, ficou sem áreas licitadas e demarcadas”, critica.

Boias sinalizam rumo da profissionalização

Conflitos à parte, o agrônomo Alex Alves dos Santos, 40 anos, extensionista da Epagri, só vê vantagens na demarcação dos parques aquícolas de Santa Catarina. A sinalização com boias, segundo ele, normatizará as áreas de cultivo sem prejuízos às demais atividades marinhas – pesca artesanal, lazer de veraneio e navegação, por exemplo – e representa mais uma ação prática para garantia sanitária de ostras, vieiras e mariscos.

Pelos cálculos da Epagri, 35% das áreas de cultivo estão demarcadas, trabalho atrasado nas duas últimas semanas por causa da chuva e das condições adversas do mar. “Trata-se de processo longo, iniciado em 2004, que deixa Santa Catarina mais uma vez na vanguarda da aquicultura marinha nacional”, diz.

Leia na íntegra em Notícias do Dia Online, 25/10/2015

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