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Acesso à Lagoa da Conceição é para poucos em Florianópolis

Em alguns momentos o nevoeiro parecia chuva, mas nem o fim de tarde cinzento de sexta-feira quebrou a rotina da bióloga marinha Laila Canelli, 29, que aproveitou o tempo disponível para sentar-se no gramado, na Ponta do Pitoco, e ficar sem fazer nada na beira d’água, diante do centrinho e da avenida Osni Ortiga, na Lagoa da Conceição. O trecho escolhido por ela para o passeio vespertino é o único acesso público à orla dali até a rua Ismar Pedro Bez, uma das transversais do condomínio Vilage 1, 2 e 3, a caminho do Canto da Lagoa.

A situação é a mesma na outra margem, paralela à avenida Osni Ortiga, do centrinho ao Porto da Lagoa, e na extremidade oposta da lagoa, no trajeto da rua Rita Lourenço da Silveira, da praça Bento Silvério em direção à Ponta das Almas e ao Canto dos Araçás. Os raros acessos abertos para pescadores, velejadores, praticantes de kitesurfe, ciclistas e pedestres são interrompidos por muros, garagens náuticas, rampas, paredes de casas e comércio, deques e prainhas “particulares” que impedem as caminhadas no entorno do espelho d’água.

“É uma pena que tenham deixado ficar assim. O ideal seria a abertura de servidões urbanizadas e sinalizadas em português, espanhol e inglês, para orientação dos turistas. As pessoas poderiam passear, fazer piqueniques”, sonha a bióloga. Gaúcha de Bento Gonçalves, Laila resolveu fazer mestrado na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) inspirada nas praias da Ilha e, obviamente, na própria Lagoa.

Mais do que um cartão-postal e local ideal para esportes náuticos, a bióloga destaca outras referências da Lagoa. “É um ecossistema fundamental para a vida marinha, verdadeiro laboratório ao ar livre. E gostaria de deixá-la limpa e saudável para a geração de meu filho, e meus netos”, diz Laila.

Não são apenas as restrições nas caminhadas que incomodam Laila na Lagoa da Conceição. A existência de ligações clandestinas e o precário funcionamento da ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) da Casan que contaminam também o lençol freático das dunas é outro motivo para desolação. “É inaceitável, pessoas com o privilégio de morar aqui acabam contribuindo para a degradação cada vez mais acelerada da Lagoa. E com a conivência do poder público”, critica.

Moradora da Lagoa, alemã evita muitos trechos da orla

Na outra extremidade da Lagoa, quem também não abre mão do passeio vespertino com o cachorro é a professora de alemão e agente de turismo Kathrin Alexandra Bohna, 36 anos, que veio da Alemanha há seis anos, e decidiu morar ao lado da Ponta das Almas. “Escolhi este lugar para morar porque tem acesso para caminhar pela orla e molhar os pés na lagoa”, diz.

Kathrin evita os outros trechos da orla, exatamente pela dificuldade de acesso, mas aponta a Fortaleza da Barra, às margens do canal entre a lagoa e o mar, como o ponto com maior concentração de obstáculos. “É impossível caminhar. As pessoas construíram praticamente dentro da água”, diz a cidadã alemã que não pretende mais ir embora do Brasil. Para ela, o mais estranho é que a prefeitura deixa construir em locais proibidos, e cobra impostos de quem está irregular. “É contraditório, incompreensível mesmo”, critica.

O procurador-geral do município, Alessandro Abreu, confirmou que a prefeitura já iniciou levantamento das 62 construções irregulares, conforme a legislação federal (lei 4.771/65 e resolução do Conama 303/2002) que exige 30 metros de distância da linha d’água. O trabalho é feito por equipe de técnicos da SMD SMD SMD U (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano), Ipuf (Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis) e Floram (Fundação Municipal do Meio Ambiente). Nos próximos 30 dias, o município deve apresentar também estudo para abertura de acessos à orla a cada 125 metros.

(Por Notícias do Dia Online, 16/08/2014)

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