O tráfico de drogas é a principal preocupação dos moradores de Florianópolis com relação à segurança pública. No total, 64% da população aponta o tráfico como a maior ameaça ao controle da violência e insegurança na Capital. Este é um dos resultados da pesquisa realizada pelo Instituto Mapa, durante os dias 17 e 18 de maio. O estudo, encomendado pelo Movimento FloripAmanhã, teve objetivo de identificar aspectos de insegurança da população da Capital, além de medir o grau de confiança nas autoridades responsáveis.
Mas não é apenas o tráfico que preocupa. Questões sociais também foram apontadas pelos moradores como riscos à segurança em respostas múltiplas. Para 35% da população, o desemprego é um fator que estimula a criminalidade. Já 20% citou também a falta de investimento em educação, 17% a favelização dos morros e 16% o aumento da pobreza. Apenas 9% dos entrevistados relaciona a violência com a falta de estrutura dos órgãos de segurança.
Ainda de acordo com o estudo, praticamente quatro em dez pessoas já foram vítimas de agressão física ou assalto. Na região continental esta proporção representa quase a metade dos moradores (49%), enquanto no interior da Ilha soma 31%. O local em que se concentra a maior parte destas ocorrências é na rua (23%), seguida pelo interior das casas (12%). Cinco por cento dos entrevistados disse que sofreu agressão no carro, sendo que esta proporção aumenta entre aqueles com maior renda.
Outra constatação é de que cerca da metade (45%) dos moradores de Florianópolis já presenciou alguma cena de roubo, assalto ou assassinato na cidade nos últimos cinco anos. O índice é maior entre aqueles com maior grau de escolaridade. Estas ocorrências já começaram a se refletir nos hábitos dos moradores. De acordo com o estudo, entre as atividades habituais a mais afetada pela insegurança é o lazer: quase seis em cada dez pessoas já evitaram passear em algum lugar da cidade. Entre os mais jovens (16 a 24 anos) e aqueles com ensino superior, cerca de 2/3 já tiveram esta atitude.
Um pouco mais de 1/3 já evitou sair de casa em alguma ocasião por medo ou insegurança. Quanto mais jovem, maior a incidência de pessoas que já passaram por esta privação. O horário de sair do trabalho foi alterado por 13% dos moradores, principalmente por aqueles que moram no Continente (21%) e têm entre 16 e 24 anos (18%). Os mais atingidos também são os mais jovens e instruídos. No entanto, a grande maioria (85%) não pensa sair de Florianópolis por causa da segurança. A mudança é uma possibilidade apontada por 12% da população.
Capital considerada segura
De maneira geral, em comparação às principais capitais do País, Florianópolis é considerada uma cidade mais segura pela maioria da população. Outra conclusão da pesquisa é de que os moradores apontam o governo do Estado como o principal responsável pela segurança pública na cidade, mas muitos consideram que esta responsabilidade é de igual atribuição da Prefeitura e do governo federal.
O estudo mostrou ainda que o sentimento de insegurança já afeta o dia-a-dia da população de Florianópolis. Três quartos dos moradores do município, por exemplo, se preocupam em assistir a um show tanto na Beira-mar Norte quanto na Passarela Nego Quirido. Ir a um dos dois estádios da cidade também é motivo de receio para cerca de metade das pessoas. Já andar de ônibus ou circular pelo centro de Florianópolis preocupa poucas pessoas, apenas 12% e 16% respectivamente, demonstraram um nível alto de preocupação.
A conclusão da pesquisa é que “Florianópolis é tida como uma cidade razoavelmente segura. A maioria dos cidadãos reconhece baixa segurança em diversas situações e está tendo mais precaução, evitando situações de risco – o que representa certo cerceamento de sua liberdade”. O estudo foi realizado a partir de 400 entrevistas individuais, com homens e mulheres com idades a partir de 16 anos.
Os entrevistados foram divididos por regiões onde moram, sexo, idade, grau de escolaridade e renda, tomando como base dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de forma a representar a mesma composição proporcional da população de Florianópolis. Dos entrevistados, 41% moram na Capital desde que nasceram, 28% vivem na cidade há mais de dez anos, 19% há menos de cinco anos e 12% de cinco a dez anos.
Federais inspiram confiança
A pesquisa Mapa/ Movimento FloripAmanhã também verificou o nível de confiabilidade em relação aos órgãos de segurança. Uma das conclusões a que se chegou, antes de apontar o órgão mais confiável, é de que as polícias precisam divulgar as suas funções. Muitas pessoas não sabem diferenciar a Polícia Civil da Militar, por exemplo.
A Polícia Federal é a que mais inspira confiança, com 39% de avaliações positivas e 21% negativas. As polícias Civil e Militar aparecem em situação semelhante. A Civil tem 29% de avaliação positiva contra 31% negativas e a Militar, respectivamente, 26% e 35%. As empresas privadas de segurança e vigilância têm os mesmos 28% de pontuação positiva e negativa. A Guarda Municipal apresentou maior índice de desconfiança, com 41% negativos.
Com relação à capacitação dos órgãos, 70% acreditam que fazem o que podem para manter a segurança. Quanto ao preparo do efetivo, as opiniões ficam divididas, com 41% apontando policiais bem preparados e 46% o contrário. Para dois terços dos entrevistados as polícias não estão bem equipadas. Para o melhor desempenho é necessário treinamento, melhor salário e aumento do efetivo.
A questão da desativação da Penitenciária da Agronômica mostrou que 27% da população ficaria mais segura se ocorresse, mas 44% dos entrevistados revelaram que nada mudaria. Para 64% dos entrevistados o tráfico de drogas é a principal ameaça ao controle da violência .
Além de divulgar o relatório sobre a segurança em Florianópolis, o Movimento FloripAmanhã lançou oficialmente o site www.floripamanha.org, que disponibilizará a pesquisa na íntegra.
(A Notícia, 07/06/2006)
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