Apesar de o Estado ter consolidado sua posição como privilegiado polo turístico tanto nacional quanto internacional, quando o verão se aproxima e, com ele, o momento alto da safra, entra ano, sai ano, e é sempre a mesma coisa. As providências necessárias para possibilitar uma temporada farta e tranquila são deixadas para a última hora, e o chamado trade turístico quase sempre se rende ao lucro fácil e imediato, praticando preços alentados e efetuando investimentos minguados em ritmo de improvisação. Embora ainda faltem quase quatro meses para a abertura oficial da temporada de sol e mar em Santa Catarina, convém lembrar que este é um ano atípico, e que o procedimento avisado alerta que já deveria ter começado o trabalho com vistas a atrair e garantir a permanência dos turistas de verão. No entanto, muito pouco ou quase nada até agora se viu neste sentido, seja pela iniciativa privada, seja pelos poderes públicos. Matéria publicada neste jornal, em sua edição de sexta-feira (dia 21), registrou que o setor já decidiu que terá de rever para baixo os preços que costumam ser praticados nas temporadas se quiser aumentar ou mesmo manter o número de visitantes argentinos que costumam acorrer ao nosso litoral durante o verão. O câmbio de dólar desvalorizado frente ao real não estimula a presença de nossos parceiros do Mercosul.
Na última temporada, apesar de tudo – da crise financeira global, cujos efeitos no país tiveram seu ápice em setembro, e da tragédia ambiental provocada pelas chuvas em novembro –, os argentinos representaram algo em torno de 10% dos turistas que acorreram a Santa Catarina entre dezembro de 2008 e março deste ano, cerca de 400 mil em números absolutos. É claro que nem só de argentinos é feito um veraneio bem-sucedido.
Que os preços devem ser compatibilizados com a nova realidade econômica é inegável. Mas turismo não é só uma questão de preços, é também de qualidade de serviços e de adequada infraestrutura. E, em relação a esta, o panorama é desastroso. Boa parte dos estragos causados pelas inundações de novembro do ano passado ainda não foi consertada. Os acessos a muitos municípios e sítios turísticos necessitam de reparos – alguns ficam praticamente intransitáveis quando chove –, a maioria das estradas que cortam o território clama por reparos e sinalização adequada, sem falar no impositivo reforço aos serviços de água e esgoto para garantir o consumo multiplicado pela temporada.
Está na hora de pôr mãos à obra para garantir que o próximo não venha a ser um outro verão da nossa desesperança.
(Editorial, DC, 25/08/2009)
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