Da Coluna de Ânderson Silva (NSC, 17/08/2020)
Fica até difícil de lembrar como era a rotina antes de 17 de março de 2020. Naquele dia, o governador Carlos Moisés da Silva assinou um decreto com restrições de circulação por conta do coronavírus em Santa Catarina e colocou oficialmente o Estado em quarentena. Desde lá, são três meses permeados por isolamentos e, mais recentemente, uma tentativa de volta de grande parte das atividades econômicas. A partir de agora, SC entra no quarto mês ainda sob o crescimento das estatísticas, apesar dos bons índices em comparação com outros Estados, e o desafio da retomada.
Com base nos números da doença divulgados nesta terça-feira (16) pelo Ministério da Saúde, é possível concluir que as medidas de restrição tiveram efeito direto no controle da doença em solo catarinense. Dos 26 Estados e Distrito Federal, SC é terceiro com menos mortes confirmadas por coronavírus. Com 212 registros, ficamos atrás somente do Tocantins (140) e Mato Grosso do Sul (36). Em casos, são 14.402, número maior que as confirmações no Paraná, mas menor do que o Rio Grande do Sul, por exemplo.
Por putro lado, nesta semana, o secretário da Saúde de SC, André Motta Ribeiro, em entrevista ao Bom Dia SC, da NSC TV, demonstrou preocupação com o atual cenário. Segundo ele, apesar do achatamento da curva nos 90 dias iniciais do enfrentamento da doença, “esse é um momento bastante delicado”.
Na linha que venho frisando aqui na coluna, saúde e economia devem andar de forma conjunta. Por isso que é importante destacar o cenário econômico dos últimos três meses. Os números de demissões e fechamentos de empresas, além das reduções salariais e de jornada, assustam. Segundo dados mais recentes de entidades civis organizadas, estima-se que 530 mil pessoas perderam o emprego durante a pandemia no Estado por conta das restrições.
Diante deste cenário é que a continuidade da retomada econômica desenhada pelo governo torna-se fundamental e o principal desafio para este quarto mês de quarentena em SC. Um possível “abre e fecha”, como apontam especialistas para o “novo normal”, pode prejudicar o já enfraquecido ritmo econômico. A equação a ser encontrada é como retomar sem perder o foco nas questões sanitárias.
A volta dos ônibus foi um passo importante, depois de quase três meses paralisados em parte das cidades. A Capital, por exemplo, voltou a ter transporte coletivo nas ruas somente nesta quarta-feira (17). O modal sempre foi uma das maiores preocupações das autoridades estaduais, por isso as restrições de circulação desde o primeiro dia do decreto. O transporte interestadual, entretanto, ainda não voltou, em mais uma demonstração dos próximos passos que vão ser encarados com a entrada do quarto mês.
Na mesma linha, a volta das aulas nas redes pública e privada é uma missão a ser enfrentada com cautela. Há perspectiva de que a partir de agosto, quando estaremos quase com cinco meses de restrições, grande parte das atividades de educação seja autorizada a funcionar. Está neste setor uma das grandes dificuldades, assim como no transporte coletivo, para se evitar o “abre e fecha”.
Independentemente da confirmação do calendário antes previsto pelo governo do Estado, a tão sonhada “normalidade” ainda é distante. Por enquanto, as máscaras e as rígidas regras sanitárias vão imperar. Bem distante do que lembramos dos dias anteriores ao 17 de março, mas sem esquecer que dificilmente vamos ter as mesmas rotinas tão cedo.
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