O secretário de Turismo de Florianópolis, Mário Cavallazzi, calcula em um milhão a presença de turistas em Florianópolis, com base no volume de lixo coletado nas praias da Ilha e região central da cidade durante a temporada. Em dezembro de 2005, a coleta efetuada pela Companhia de Melhoramentos da Capital (Comcap), chegou a 750 toneladas, passando para 1300 toneladas em dezembro do ano passado.
“Aplicando-se o índice técnico para o caso, temos uma população de aproximadamente 1,6 milhão de pessoas a mais na cidade. Levando em conta que cerca de 600 mil pessoas são de municípios da Grande Florianópolis de passagem ou a serviço, sobram um milhão de visitantes de outras regiões, estados e países”, explica o secretário.
Dados preliminares de pesquisa em andamento, segundo Cavallazzi, indicam um aumento significativo no gasto diário médio dos turistas. Enquanto no ano passado esse valor foi de US$ 22, atualmente saltou para US$ 52, “tendência que deve se manter até o final da temporada, indicando a presença de visitantes de maior poder aquisitivo”. Os hotéis, acrescenta o secretário, estão com suas lotações quase completas (92% a 93%), experimentando um aumento de 16% em relação à temporada passada.
“Identificamos também que cerca de 47% dos visitantes chegaram à cidade após obterem informações através da internet, e aproximadamente 50% pela televisão”, salienta. “Grandes eventos como o Desafio das Estrelas, envolvendo grandes nomes do automobilismo, e o Planeta Atlântida, entre outros, são decisivos para a divulgação de Florianópolis como destino turístico”, complementa.
Lagoa e Joaquina são destinos mais procurados
Lagoa da Conceição e Joaquina são as praias mais procuradas por turistas que chegam a Florianópolis de condução própria ou em ônibus de excursões, segundo fontes que atuam diretamente com os que chegam na cidade. “Em geral, o visitante aluga um imóvel em alguma praia e aproveita o tempo livre para ir conhecendo outros lugares”, explica a estagiária Luiza Peiter, que atua na recepção aos turistas no antigo portal turístico, na cabeceira continental da ponte Pedro Ivo Campos.
Luiza e a atendente Janete Berdet, funcionária da Secretaria de Turismo (Setur), recebem os visitantes numa sala pouco espaçosa no portal, de onde eles são encaminhados a seus destinos. “Os argentinos aparecem procurando as praias do Norte da Ilha, e só vão para a região Sul quando não existem meios de hospedagem disponíveis”, explica Janete.
Os visitantes que procuram restaurantes recebem um guia impresso elaborado pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-SC), com a relação das principais casas de alimentação da cidade. Sempre que necessitam de hospedagem, entretanto, eles são encaminhados a um dos cerca de 20 guias credenciados pela Empresa Brasileira de Turismo (Embratur), que atuam improvisadamente no portal.
Atendimentos
Todos os dias, Janete e Luiza, assim como os demais funcionários, realizam cerca de 100 atendimentos, o que dá um total de 500 a 600 pessoas. “Só entre o Natal e o Ano Novo, realizamos uns 200 atendimentos. Depois disso, o movimento diminuiu, mas continua intenso”, destaca Janete. O serviço de atendimento ao turista é realizado diariamente das 7 às 19 horas.
O guia turístico Antônio Carlos Capistrano, desde 1984 no ramo, confirma que os visitantes procuram principalmente as praias da Joaquina e a Lagoa da Conceição. “Esses dois locais, mais o centro histórico, são os mais procurados”, assinala Antônio, que ao lado dos colegas atua na recepção de 25 a 30 ônibus com turistas todos os dias. No ano passado, esse fluxo foi cerca de 30% menor.
Desses turistas, 60% são nacionais, principalmente do Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo, enquanto outros 20% são originários do Paraguai, 10% da Argentina e 10% do Chile. “Os argentinos não chegam de ônibus, e por isso o percentual é tão pequeno. Eles vêm principalmente com veículos próprios ou de avião”, salienta Antônio. Os guias cobram R$ 80 por dia para acompanhar turistas nacionais e R$ 100 no caso de estrangeiros.
Argentinos gastam mais na Ilha
Comércio e hoteleiros da Capital estão otimistas com a chegada em peso dos vizinhos argentinos nas praias da Ilha. Depois da crise de 2001, que esvaziou as mesas de muitos restaurantes, os estrangeiros estão de volta – e as entidades já perceberam poder de compra um pouco mais elevado, pelo menos equivalente ao dos turistas brasileiros. Na temporada passada, a pesquisa de demanda turística da Santa Catarina Turismo (Santur) para Florianópolis apontou um gasto médio diário de US$ 31 nos turistas de origem nacional, contra US$ 22 nos estrangeiros. Destes, argentinos eram 65% do total.
Na avaliação do diretor de Assuntos Econômicos da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Florianópolis, Afonso dos Santos, a presença dos visitantes do país vizinho é indispensável. Prova disso é que na ausência deles nas temporadas passadas o desempenho do comércio foi pífio. “Principalmente em janeiro e fevereiro, meses em que o brasileiro não costuma tirar férias, a presença deles é fundamental ao comércio e a todo o setor turístico. Os argentinos, ao contrário dos brasileiros que por hábito param somente entre Natal e Ano Novo e Carnaval, tem por tradição a folga”, afirma.
A estimativa do presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Santa Catarina (ABIH/SC), Wilson Luiz de Macedo, após pesquisa informal com hoteleiros, é que os turistas do Mercosul venham ao Estado em número 5% a 10% maior do que na temporada passada. “A expectativa é grande. No ano passado nesta época havia muita apreensão em relação a fevereiro. Este ano já há reservas para o mês que vem”, analisa.
Nos balneários do Norte da Ilha, em especial Canasvieiras, Ingleses, Ponta das Canas, os argentinos e outros vizinhos sul-americanos continuam sendo os visitantes mais esperados. “São os nossos maiores consumidores”, afirma a gerente de uma loja de artigos de praia em Canasvieiras, Rose Kuhsler. A ocupação do Moçambique Praia Hotel, no mesmo balneário, é quase 100% de argentinos e há reservas até março. “Desde a crise, o movimento vem retomando pouco a pouco, mas este ano está um pouco acima do normal”, avalia Luciano Schroeder, diretor do hotel. A maioria dos seus hóspedes, 50% de famílias e outro 50% de amigos e casais, veio de ônibus ou de avião e gastam por dia não mais do que US$ 30 em média neste ano.
Para este verão aumentaram, também, o número de vôos de linha operados para Florianópolis, em detrimento ao número de charters. Números da Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aeroportuária (Infraero) mostram que os vôos fretados caíram de 238 para 159 nesta temporada (incluindo partidas do Chile, Bolívia e Paraguai), porém deve pousar no aeroporto Hercílio Luz entre os dias 1o de novembro e 31 de março um total de 385 vôos, com aumento de mais de 50% na comparação com o verão de 2005-2006.
(A Notícia, 17/01/2007)
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