Da Coluna de Renato Igor (NSC, 08/01/2020)
O lançamento de esgoto é a causa da floração de algas na Lagoa da Conceição, em Florianópolis. O fenômeno ocorre desde os primeiros dias de janeiro e tem chamado a atenção no local, principalmente no Canto da Lagoa. As algas não são tóxicas.
Amostras das algas foram deixadas na porta do Laboratório de Ficologia da Universidade Federal de Santa Catarina (Lafic) junto com um bilhete. O material foi analisado e o Lafic divulgou uma nota sobre o assunto.
— Foi um presente… mas já sabemos quem foi, foi um colega biólogo, preocupado com as manchas na Lagoa da Conceição. É importante a comunidade estar sempre atenta a essas mudanças. E quando houver algo atípico, entrar em contato com IMA ou Floram, e não entrar na água — afirmou o biólogo Paulo Antunes Horta, da UFSC, em entrevista ao Estúdio CBN Diário desta quarta-feira (8).
— Quando colocamos esgoto não tratado ou tratado inadequadamente, funciona como fertilizante para as algas, que crescem muito rapidamente, formando essas mares verdes, coloridas muitas vezes, no nosso litoral — explicou Horta.
O biólogo destaca que é preciso fazer um manejo, ou seja, a retirada dessas algas, para permitir o processo de oxigenação natural e deixar o sistema de novo saudável.
A recomendação é não entrar na água, não pelas algas em sim, mas por estar contaminada com material orgânico:
— Nesse caso específico (da Lagoa), temos algas e micro-organismos que não produzem toxinas, o que é muito bom, mas é possível que tenhamos organismos patogênicos. A decomposição da biomassa produz gás enxofre e mau cheiro — alerta.
Confira a nota do Lafic:
O Laboratório de Ficologia da Universidade Federal de Santa Catarina vem a público esclarecer sobre o evento de floração na Lagoa da Conceição, documentado pela comunidade nas primeiras semanas de janeiro. A massa flutuante observada é composta por algas diversas, como diatomáceas, cianobactérias, algas verdes e vermelhas. Há algas vivas e em decomposição. Destaca-se que não se observou na composição das amostras analisadas espécies produtoras de toxinas.
Esclarecemos ainda que tal evento é resultado de um processo de eutrofização devido à poluição da lagoa por excesso de esgoto sem tratamento ou não adequadamente tratado. A decomposição da matéria orgânica presente nos efluentes domésticos, transformação promovida por microrganismos, resulta na disponibilização de nutrientes que fertilizam a água, favorecendo o crescimento destas algas. As algas crescem excessivamente e acabam morrendo. O material em decomposição se desprende e é arrastado pelo vento às margens opostas ao mesmo. Destaca-se que o processo está mais evidente no Canto da Lagoa, uma área da Lagoa que apresenta maior tempo de residência da água (menor circulação e dispersão de poluentes). Esses eventos são recorrentes nessa área, especialmente nessa época, quando há maior produção de esgoto, mais luz e maior temperatura.
Destaca-se que o mau cheiro é resultado da decomposição deste material que gera vapores de enxofre. Estes gases são potencialmente tóxicos sendo necessário o manejo destes eventos. Também não é recomendado o contato direto com esse material e as águas de entorno, pois representam acúmulos de poluentes e microrganismos potencialmente patogênicos.
O último teste de balneabilidade, divulgado sexta-feira (3) pelo Instituto do Meio-Ambiente, aponta dois próprios impróprios para banho na Lagoa da Conceição. Eles ficam junto ao trapiche de embarque dos serviços de transportes, ao lado da ponte, e em frente à rua Manuel Isidoro da Silveira, no centrinho da Lagoa.
O vídeo abaixo foi feito junto ao trapiche:
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