Da Coluna de Dagmara Spautz (NSC, 06/05/2019)
Um relatório preparado pela Cidasc comprovou que foi o uso de agrotóxicos em lavouras de soja e milho a causa da morte de 20 milhões de abelhas no Planalto Norte, no início do ano. Os técnicos visitaram propriedades, conversaram com agricultores e requisitaram receituários de aplicação de defensivos.
Confirmaram o uso do fungicida trifloxistrobina e dos inseticidas triflumuron e fipronil, três substâncias encontradas nas abelhas mortas em testes de laboratório.
O laudo não responsabiliza nenhuma das propriedades em especial. Considera que a contaminação das abelhas ocorreu de forma acidental, “sem um culpado de fato”. Uma das hipóteses é que a aplicação tenha ocorrido no período de floração, quando ela não é recomendada.
Mortalidade em massa de abelhas preocupa apicultores no Planalto Norte do Estado
Embora já se soubesse que a causa da perda das colmeias eram as três substâncias – em especial o fipronil, considerado altamente tóxico para as abelhas – era necessária a pesquisa de campo para confirmar se o foco foi mesmo a agricultura. Isso porque o produto é usado em diversas situações, inclusive para o controle de pulgas em animais domésticos.
SC pode restringir uso
Com a comprovação, a Cidasc e a Epagri pretendem levar adiante medidas de controle do fipronil – o que pode fazer de Santa Catarina o primeiro Estado no Brasil a restringir o uso do produto, já proibido em alguns lugares no mundo. A ideia é permitir o uso somente em sementes, quando é considerado mais seguro para as abelhas.
A proposta de regulamentação deve ser entregue ao Governo do Estado até o fim deste mês. Se concordar, a Secretaria de Agricultura e Pesca pode implantar as medidas por meio de portaria.
Fruticultura em risco
As 300 colmeias afetadas pela mortandade no Estado correspondem a uma fatia pequena da apicultura de Santa Catarina, que tem 315 mil colmeias em produção. Mas acendem o sinal de alerta: as abelhas não apenas produzem mel, mas são responsáveis pela polinização de diversas culturas, especialmente de frutas como a maçã, a ameixa e o pêssego. A preocupação com as colmeias, portanto, tem um forte respaldo econômico.
Avaliação
A Cidasc continua os levantamentos no Norte do Estado com relação às abelhas. A próxima visita técnica será no dia 22 deste mês, na companhia de especialistas. Pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) têm prestado apoio ao Estado na busca de solução para a convivência das abelhas com a atividade agrícola.
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