Santa Catarina tem o privilégio e a responsabilidade de abrigar em sua costa o último berçário das baleias francas que ainda resiste em toda a costa brasileira. Localizado nas enseadas dos municípios de Garopaba, Imbituba e Laguna, o berçário deveria estar, a princípio, preservado e protegido de ameaças por integrar uma unidade de conservação, a Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca (APA-BF). Entretanto, apesar das legislações vigentes, as baleias e seus filhotes são vítimas de muitas fontes de molestamento oriundas de ações humanas, o que força esses animais a abandonarem o berçário antes do tempo ou mesmo nem chegarem até aqui. Essa problemática, que também coloca em risco a própria preservação da espécie, foi apresentada e discutida em debate organizado pelo Observatório de Justiça Ecológica da Universidade Federal de Santa Catarina (OJE/UFSC) no último dia 16 de outubro. Participaram as professoras Paula Bruggër, do Departamento de Ecologia e Zoologia (ECZ/UFSC) e Letícia Albuquerque, do Departamento de Direito (CCJ/UFSC); o biólogo Luiz Augusto Farnetani; a advogada Renata Fortes, representante da Associação Catarinense de Proteção aos Animais (ACAPRA).
“Esse é o último berçário no Brasil. As baleias francas já abandonaram as enseadas de São Paulo e Rio de Janeiro. Quando há muita fonte de molestamento, elas abandonam a área. E estamos correndo sério risco de também perder esse berçário de Santa Catarina”, alertou Renata. A advogada explicou que o berçário catarinense já está em declínio, uma vez que o número de baleias registradas a cada temporada vem diminuindo todos os anos. Uma das principais fontes de molestamento aos animais é o turismo de observação embarcado. “Em 2012 iniciamos a defesa jurídica das baleias, justamente para se opor a esse tipo de turismo. Recebemos a denúncia de que as operadoras não estavam respeitando os 100 metros de distância das baleias, elas chegavam a colocar os barcos em cima dos animais. Mas depois vimos que isso era só a ponta do iceberg. Com o tempo, muita coisa apareceu, como a falta de estrutura, falta de interesse e falta de vontade administrativa da própria APA da Baleia Franca.”
O principal objetivo dessa APA – que abriga diversas outras espécies e tem uma biodiversidade muito rica – deveria ser a proteção da baleia franca. “Ela foi criada em 2000, justamente para regrar o uso daquela área, para impedir possíveis impactos à espécie, que já corre risco de extinção. Tentamos então entender por que o turismo estava acontecendo dessa forma”, relata Renata. As enseadas catarinenses são pequenas e fechadas, têm em média 1 km de extensão, configurando-se exatamente no tipo de espaço que as baleias procuram para ter os filhotes. A baleia franca, diferente de outras espécies de baleias, tem uma camada de gordura mais porosa e menos sólida – como é o caso da jubarte –, o que lhe permite flutuar com mais facilidade e chegar muito perto da costa. “Ela consegue ficar muito perto da faixa de areia e se aproveita disso para proteger seu bebê, que em alto-mar seria uma presa fácil de orcas e tubarões. Com essa capacidade de flutuar, quanto mais perto da costa, mais segura ela se sente. Mas ao mesmo tempo, ela fica mais suscetível de ser molestada pelos distúrbios sonoros causados por nós”, explicou Luiz Augusto.
Segundo o biólogo, em fiordes e enseadas habitadas por baleias e golfinhos, o som dos motores dos barcos é a principal fonte de molestamento a esses animais: “Baleias e golfinhos não enxergam nitidamente dentro d’água. Esses animais vêem, percebem e sentem o mundo através do som. Eles se adaptaram a ver o mundo através do som. O sonar biológico dos cetáceos é o mais aprimorado da história e do Planeta Terra. O infrassom da baleia e do golfinho tem uma frequência sonora tão poderosa que nós não ouvimos. Exatamente por isso, em enseadas pequenas pequenas, onde o som reverbera, a comunicação entre mãe e filhote fica extremamente prejudicada quando há impactos acústicos de embarcações. Em alguns países, como na Nova Zelândia e no Canadá, o turismo embarcado em locais restritos já está proibido.”
(Ufsc, 30/10/2018)
Cookie | Duração | Descrição |
---|---|---|
cookielawinfo-checkbox-analytics | 11 meses | Este cookie é definido pelo plugin GDPR Cookie Consent. O cookie é usado para armazenar o consentimento do usuário para os cookies na categoria "Analíticos". |
cookielawinfo-checkbox-necessary | 11 meses | Este cookie é definido pelo plugin GDPR Cookie Consent. Os cookies são usados para armazenar o consentimento do usuário para os cookies na categoria "Necessários". |
viewed_cookie_policy | 11 meses | O cookie é definido pelo plugin GDPR Cookie Consent e é usado para armazenar se o usuário consentiu ou não com o uso de cookies. Ele não armazena nenhum dado pessoal. |
Cookie | Duração | Descrição |
---|---|---|
collect | sessão | Usado para enviar dados ao Google Analytics sobre o dispositivo e o comportamento do visitante. Rastreia o visitante através de dispositivos e canais de marketing. |
CONSENT | 2 anos | O YouTube define este cookie através dos vídeos incorporados do YouTube e regista dados estatísticos anônimos. |
iutk | 5 meses 27 dias | Este cookie é utilizado pelo sistema analítico Issuu. Os cookies são utilizados para recolher informações relativas à atividade dos visitantes sobre os produtos Issuuu. |
_ga | 2 anos | Este cookie do Google Analytics registra uma identificação única que é usada para gerar dados estatísticos sobre como o visitante usa o site. |
_gat | 1 dia | Usado pelo Google Analytics para limitar a taxa de solicitação. |
_gid | 1 dia | Usado pelo Google Analytics para distinguir usuários e gerar dados estatísticos sobre como o visitante usa o site. |
Cookie | Duração | Descrição |
---|---|---|
IDE | 1 ano 24 dias | Os cookies IDE Google DoubleClick são usados para armazenar informações sobre como o usuário utiliza o site para apresentá-los com anúncios relevantes e de acordo com o perfil do usuário. |
mc .quantserve.com | 1 ano 1 mês | Quantserve define o cookie mc para rastrear anonimamente o comportamento do usuário no site. |
test_cookie | 15 minutos | O test_cookie é definido pelo doubleclick.net e é usado para determinar se o navegador do usuário suporta cookies. |
VISITOR_INFO1_LIVE | 5 meses 27 dias | Um cookie colocado pelo YouTube para medir a largura de banda que determina se o usuário obtém a nova ou a antiga interface do player. |
YSC | sessão | O cookie YSC é colocado pelo Youtube e é utilizado para acompanhar as visualizações dos vídeos incorporados nas páginas do Youtube. |
yt-remote-connected-devices | permanente | O YouTube define este cookie para armazenar as preferências de vídeo do usuário usando o vídeo do YouTube incorporado. |
yt-remote-device-id | permanente | O YouTube define este cookie para armazenar as preferências de vídeo do usuário usando o vídeo do YouTube incorporado. |
yt.innertube::nextId | permanente | Este cookie, definido pelo YouTube, registra uma identificação única para armazenar dados sobre os vídeos do YouTube que o usuário viu. |
yt.innertube::requests | permanente | Este cookie, definido pelo YouTube, registra uma identificação única para armazenar dados sobre os vídeos do YouTube que o usuário viu. |