A engenharia estima um prazo razoável de 50 anos de durabilidade de uma obra como a da ponte Colombo Salles, inaugurada em 1975 como a segunda ligação entre a Ilha de Santa Catarina e o Continente. Esta previsão também pode passar de meia década. Pode ser até cem anos, diz o engenheiro Trajano de Oliveira, especialista em perícias e avaliações de engenharia pelo Ibape/UFSC (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de Santa Catarina). “Mas essa é uma estimativa que a norma prevê diante de manutenções periódicas. A nossa ponte está há mais de 40 anos sem manutenção”, alerta.
Atento ao vaivém que se tornou a determinação judicial para reforma das pontes Colombo Salles e Pedro Ivo, essa inaugurada em 1991, Oliveira elaborou um estudo sobre as estruturas, a partir da análise de imagens coletadas no local e comparadas com que aponta a engenharia. “A Colombo Salles é toda de concreto. O concreto nada mais é do que uma pedra artificial com aço dentro. Parecia que com isto seria um material ideal, já que protegia o ferro da corrosão, pois este não ficava em contato com o ar úmido. Só que com o tempo ocorreu a carbonatação do concreto, que afetou totalmente a estrutura”, explica.
No estudo, Oliveira aponta, por exemplo, pontos de infiltração em juntas da ponte e ferros da armação já expostos com a corrosão do cimento. O engenheiro também faz uma avaliação da Pedro Ivo, que apesar de mais nova, acabou tendo seu prazo de validade agravado com a falta de manutenção.
Apesar de ter o vão central construído em aço patinável, que aumenta a durabilidade, “há lascas de ferro desgrudando da estrutura”. Ele também questiona, por exemplo, que a capa asfáltica da pista praticamente inexiste, sendo usado o aço diretamente como pista de rolagem, o que aumenta ainda mais a degradação da estrutura. “Imagina, 27 anos sem manutenção e ainda com os carros passando por cima, o tempo de duração será menor ainda que o previsto”, explica. Na Pedro Ivo, Oliveira ainda detectou ausência ou desgaste total das juntas dilatação entre as partes de aço e concreto, que prejudica que a estrutura trabalhe sem impactos.
Como toda boa novela, o enredo sobre a reforma das únicas ligações da Ilha ao Continente é tortuoso e exige paciência. Foi em 2011 que um inquérito civil movido pelo MPSC (Ministério Público de Santa Catarina) concluiu pela necessidade de obras de manutenção das pontes. Mas nada foi feito até que em 2016 a Justiça determinou a obra por meio de licitação.
(Confira Matéria Completa em ND, 26/09/2018)
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