A escolha de Florianópolis para sediar a realização do 9º Fórum Mundial do Turismo, promovido pelo Conselho Mundial de Viagem e Turismo WTTC na sigla em inglês , que reúne os diretores das 100 empresas líderes mundiais desta atividade hoje responsável por 10,4% da formação do Produto Interno Bruto do Planeta, representa um marco, um divisor de águas para o desenvolvimento do turismo como atividade econômica em Santa Catarina e no Brasil.
Tudo começou no Painel RBS, que no ano passado trouxe o presidente do WTTC, Jean-Claude Baumgarten, a Santa Catarina a fim de apresentá-lo ao potencial do Estado como possível cenário para a realização do evento maior do turismo mundial. O governador Luiz Henrique da Silveira, que colocou o turismo como um dos eixos de sua política para acelerar o desenvolvimento socioeconômico catarinense, de imediato abraçou a causa com entusiasmo.
E ao escolher Florianópolis, que suplantou as candidaturas de Joanesburgo, Paris e Xangai, como sede da edição 2009 do encontro, o conselho certamente se baseou não apenas nas belezas naturais da Ilha-Capital e do Estado, que são inúmeras e deslumbram os visitantes, mas também numa diversidade cultural que, como lembrou o governador, em artigo assinado na nossa edição de ontem, só costuma ser encontrada “nas esquinas do mundo, fruto do fluxo migratório que desenhou aqui um mosaico de povos e culturas”. Por esses e outros elementos de convicção, a diretora-executiva do WTTC, Ufi Ibrahim, que durante três dias conferiu as condições locais para acolher o encontro, em seu parecer favorável, além de citar as oportunidades oferecidas pela Capital aos visitantes, destacou o seu povo acolhedor e identificou na cidade “uma grande capacidade criativa e inovadora”.
A realização deste evento que foi oficialmente aberto ontem, e cuja agenda de trabalho começa a ser desenvolvida hoje na Capital, constitui um momento único e definidor, com enorme potencial não apenas para a adoção de estratégias mais afinadas com as novas realidades e tecnologias disponíveis para vitalizar o setor no Estado e no país, como também para atrair investimentos internacionais de vulto em infraestrutura, equipamentos e serviços de última geração.
Quando em 1841 o comerciante britânico Thomas Cook inventou o primeiro pacote de viagens de que se tem notícia, ao ter a ideia de fretar um trem com tarifas reduzidas para percorrer os 17 quilômetros entre as cidades de Leicester e Loughborough, na Inglaterra, sua intenção foi apenas a de ajudar os participantes de um encontro de combate ao consumo de bebidas alcoólicas, organizando o transporte e a hospedagem para eles. Sua iniciativa atraiu mais de 500 interessados. Entusiasmado com o sucesso da empreitada, o vendedor de bíblias mudou de ramo, e transformou-se no primeiro agente de viagens do mundo. Ele sequer poderia imaginar que estava dando início a uma indústria que hoje responde por 10,4% do Produto Interno Bruto (PIB) do mundo, no momento garante pelo menos 300 milhões de postos de trabalho por ano no Planeta, e continua a criar novos empregos mesmo em um momento de apertura da economia.
Após o término da Segunda Guerra Mundial, impulsionada pela vigorosa recuperação da economia em escala global e pela rápida evolução dos sistemas de transportes, destacando-se a entrada em operação dos aviões a jatos comerciais nos anos 1950, a indústria do turismo decolou de vez. Poucos setores da economia – talvez o da informática seja a única exceção – obtiveram tão extraordinário desenvolvimento em prazo tão curto. Algumas décadas bastaram para que a atividade passasse a ser uma das mais dinâmicas e promissoras da economia tanto em nações mais desenvolvidas quanto em países emergentes e até mesmo pobres, que nela identificam, com realismo e razão, uma poderosa fonte de geração de empregos e de divisas.
Um levantamento realizado pela OMT em 2006 revelou que, naquele ano, um em cada oito habitantes do Planeta viajou para outro país na condição de turista – com permanência por mais de 24 horas e menos de um ano, conforme o critério internacionalmente adotado. Dados do WTTC estimaram que, no ano passado, a atividade movimentou US$ 8 trilhões, e a projeção indica que, em dez anos, esta cifra estonteante terá saltado para US$ 15 trilhões, consolidando-se, então, a cadeia produtiva do turismo como a maior indústria do Planeta. O prestimoso e criativo senhor Cook jamais adivinharia até onde aquele seu primeiro “passo de 17 quilômetros” levaria…
Saudamos os participantes da cúpula mundial do turismo, aqui reunidos. É um orgulho e uma vitória tê-los entre nós. Sejam bem-vindos. Desfrutem da hospitalidade desta terra generosa e acolhedora, e voltem sempre. E que o turismo prospere cada vez mais como atividade econômica, e como ferramenta de promoção da paz e da prosperidade de todos os povos da Terra.
(DC, 15/05/2009)
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