No cenário de inovações constantes, cabe às cidades não apenas criar um ambiente instigante para jovens empreendedores, como aproveitar as soluções para resolver problemas crônicos. A mobilidade urbana é um exemplo claro dessa mudança de mentalidade que se exige dos gestores urbanos.
Em um cenário de queda no número de passageiros de transporte coletivo e regulação ainda incipiente, soluções que usam tecnologia para melhorar a mobilidade crescem no Brasil e no mundo. A Nova Mobilidade veio para ficar. Cabe às cidades acompanharem a evolução dessas novas soluções para aproveitar o momento e alavancar a qualidade de vida a partir das mudanças positivas que podem surgir.
O Desafio InoveMob, lançado nesta terça-feira (23), busca fomentar soluções inovadoras que comecem a traçar hoje o futuro da mobilidade. O foco do concurso são soluções capazes de resolver os problemas de deslocamento em áreas com grande movimentação de pessoas, que geram um intenso número de viagens, como estações e terminais de transporte coletivo, distritos industriais, escolas, centros comerciais, universidades, hospitais, entre outros.
“É preciso proporcionar deslocamentos mais inteligentes, sustentáveis e de maior qualidade para as pessoas. As cidades que estiverem mais abertas a essa transformação serão mais competitivas e irão oferecer uma melhor qualidade de vida para seus habitantes agora e no futuro”, aponta Luis Antonio Lindau, diretor do programa de Cidades do WRI Brasil.
Empreendedores (startups de base tecnológica, microempreendedores individuais, microempresas e empresas de pequeno porte), pesquisadores e empresas de soluções em mobilidade devem submeter propostas de mobilidade urbana arrojadas, sustentáveis, inclusivas e viáveis que possam ser replicadas com sucesso no Brasil e na América Latina. O concurso vai distribuir cerca de R$ 600 mil (US$ 200 mil) em subsídios para os vencedores.
“Reconhecemos que o Brasil é um dos líderes na América Latina e está preparado para promover soluções de mobilidade inovadoras. As soluções mais robustas e duradouras são as que vêm dos inovadores que entendem as questões de mobilidade locais. Por isso, a Toyota Mobility Foundation e WRI Brasil firmaram uma parceria para criar esse desafio para inovadores em todo o Brasil”, diz Ryan Klem, diretor de Programas da Toyota Mobility Foundation.
Além de facilitar o deslocamento das pessoas pela cidade, as inovações em mobilidade também podem promover:
Conectividade: qualificar os deslocamentos – casa-estação-casa – é essencial para garantir a satisfação de quem usa o transporte coletivo, atrair novos passageiros e melhorar a integração multimodal.
Experiência de viagem: a disponibilidade de informações atualizadas melhora a confiabilidade dos serviços e promove opções de transporte mais sustentáveis.
Tecnologias limpas: os transportes são responsáveis pela maior parte das emissões de gases do efeito estufa. Melhorar a qualidade do ar passa também por inovações no setor.
Uso compartilhado: o compartilhamento de veículos e viagens é uma tendência, mas ainda não uma cultura. É uma oportunidade a ser explorada.
Acessibilidade: pessoas com deficiência ou com dificuldades de mobilidade, idosos e crianças precisam ter as mesmas oportunidades de acesso a qualquer parte das cidades.
Equidade de gênero: mulheres e homens têm necessidades diferentes, por isso seus padrões de deslocamento também diferem.
As inscrições ficam abertas até 9 de março, no site www.desafioinovemob.org, onde também é possível acessar o edital do concurso.
Etapas do concurso
O Desafio terá 5 etapas, que serão realizadas ao longo de 2018. Após o fim das inscrições, o júri vai selecionar 12 projetos semifinalistas, cujos responsáveis participarão de oficinas sobre temas como marketing, gestão de projetos e pitching. Seus trabalhos serão então apresentados aos gestores dos municípios que deverão declarar seu interesse em receber as iniciativas. Cada semifinalista deverá conquistar ao menos um “embaixador”, que pode ser um prefeito ou representante de uma secretaria diretamente relacionada ao projeto.
Entre as soluções aprovadas pelos gestores, serão selecionados cinco finalistas para executarem o projeto-piloto. Cada um deles receberá um apoio financeiro de cerca de R$ 60 mil (US$ 20 mil), além de capacitação para desenvolvimento do modelo de negócios. Os projetos-piloto devem ser implantados entre agosto e novembro de 2018 e ficarão em operação por pelo menos oito semanas.
Entre dezembro de 2018 e janeiro de 2019, o júri vai escolher o projeto vencedor, que receberá mais um subsídio de cerca de R$ 300 mil (US$ 100 mil). O responsável vai trabalhar em conjunto com os organizadores do concurso para dimensionar e implementar sua solução em outros centros de atividades e municípios brasileiros. Ele terá ainda acesso a suporte técnico para gestão e desenvolvimento do negócio durante todo o período da implementação, bem como facilitação de reuniões e audiências com agências governamentais.
Outros concursos pelo mundo
Realizado pela primeira vez no Brasil, o Desafio é o terceiro do tipo promovido pela Toyota Mobility Foundation em todo o mundo. Atualmente, a organização também está à frente do Desafio de Mobilidade Ilimitada (Mobility Unlimited Challenge), que recebe inscrições de ideias inovadoras que busquem melhorar a mobilidade de pessoas com paralisia. A meta é ter um protótipo desenvolvido pelo vencedor até 2020. WRI Índia e Toyota Mobility Foundation realizaram juntos um concurso na Índia, que teve seus vencedores anunciados em julho de 2017. Chamado Station Access and Mobility Program (STAMP), o programa selecionou soluções de acesso à rede de metrô da cidade de Bangalore, de forma a incentivar o uso do transporte público pela população local.
(Wricidades, 15/01/2018)
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