Da Coluna de Rafael Martini (NSC, 20/01/2018)
Há pouco mais de 15 meses, o transporte de passageiro por aplicativo chegava em Florianópolis cercado de polêmica. De um lado, taxistas partindo para agressões até físicas de alguns motoristas em nome da famosa reserva de mercado. Ou, como diria o manezinho: quando a farinha é pouca, meu pirão primeiro.
Do outro, usuários afoitos por experimentar a tecnologia que prometia revolucionar a forma como as pessoas deslocam-se principalmente nas grandes cidades, com serviço de excelência a bordo e preços mais em conta no final da corrida. No meio disso, muita gente desempregada ou com necessidade de fazer um extra no orçamento da família disposta a rodar horas e horas à espera de um sinal no celular de chamada de passageiro.
Para completar, um governo municipal sem referências jurídicas sobre como regulamentar o assunto e vereadores ultraliberais na Câmara colocando a boca no trombone contra qualquer tipo de taxação, como se o Deus Mercado tudo regulasse por conta.
Corta para janeiro de 2018. Dados da prefeitura de Florianópolis, conforme a própria plataforma Uber, indicam que cerca de seis mil motoristas estariam trabalhando nesta temporada, oferecendo seus préstimos por meio do aplicativo, exatamente o dobro em comparação ao restante do ano. Como base para comparação, Florianópolis tem cerca de 500 táxis rodando.
Uma verdadeira invasão de gente de todo o país. Não é à toa que nos primeiros 15 dias do ano, Florianópolis conviveu com os maiores congestionamentos já vistos na história da Capital. Pegue milhares de pessoas rumando para as praias do Norte da Ilha, por exemplo, e adicione outras centenas de motoristas de aplicativo levando passageiros para os mesmos destinos, em rotas que eles nem sequer conhecem e está temperada a salada da confusão total.
Os relatos da queda da qualidade dos serviços dos transporte por aplicativo cresceram exponencialmente nas redes sociais nesta temporada. E os preços, antes atrativos, dispararam. Uma viagem, por exemplo, entre Santo Antônio de Lisboa e o Centro, que custava, em média, R$ 21 fora da temporada, saltou para R$ 78 nos primeiros dias de 2018. As balas de goma, água gelada e carro impecável rarearam na pista. Resultado: desabou as estrelinhas de avaliação dos passageiros em relação a muitos motoristas. Nas locadoras, por exemplo, não existe mais carro para alugar para quem quer trabalhar com aplicativo.
Serviço ainda sem fiscalização
Para o presidente do Sindicato dos Táxis de Florianópolis, Irandi Oliveira, os taxistas enfrentam uma concorrência desleal. “Nós não somos contra a tecnologia e os avanços do mercado, o que não aceitamos é que um aplicativo opere sem nenhum tipo de fiscalização ou controle num setor tão sério como o do transporte de passageiros”, diz Oliveira, que compara a relação entre taxistas e aplicativo à disputa entre lojistas formais e camelôs.
O chefe da Casa Civil, Filipe Mello, explica que a prefeitura de Florianópolis enviou projeto de lei à Câmara de Vereadores regulamentar a atividade do Uber em Florianópolis. Lembra que São Paulo, por exemplo, já adotou regras como a identificação do veículo com um adesivo no para brisa (veículo para transporte de passageiro por aplicativo). Além, é claro, da tarifação da receita obtida pela plataforma, que concentra 90% dos seus ganhos na capital paulista, já que as operações são feitas em larga escala por meio do cartão de crédito.
“Nosso projeto para regulamentação do uber é até mesmo para seguir qualificando a prestação deste serviço, mas precisamos saber exatamente quem e quais são estes profissionais”, explica Mello.
Para obter a licença em São Paulo, por exemplo, o motorista precisa fazer uma prova em que identifique pelo menos 70% das regiões da capital. Seria o ideal também para Floripa, até para evitar que motorista de aplicativo use o waze (outro app) para saber como se cruza da Ilha para o continente. É inegável que o Uber veio pra ficar e facilitou a vida de muita gente, mas como toda a novidade precisa passar por ajustes até o modelo considerado ideal.
Há pouco mais de 15 meses, o transporte de passageiro por aplicativo chegava em Florianópolis cercado de polêmica. De um lado, taxistas partindo para agressões até físicas de alguns motoristas em nome da famosa reserva de mercado. Ou, como diria o manezinho: quando a farinha é pouca, meu pirão primeiro.
Do outro, usuários afoitos por experimentar a tecnologia que prometia revolucionar a forma como as pessoas deslocam-se principalmente nas grandes cidades, com serviço de excelência a bordo e preços mais em conta no final da corrida. No meio disso, muita gente desempregada ou com necessidade de fazer um extra no orçamento da família disposta a rodar horas e horas à espera de um sinal no celular de chamada de passageiro.
Para completar, um governo municipal sem referências jurídicas sobre como regulamentar o assunto e vereadores ultraliberais na Câmara colocando a boca no trombone contra qualquer tipo de taxação, como se o Deus Mercado tudo regulasse por conta.
Corta para janeiro de 2018. Dados da prefeitura de Florianópolis, conforme a própria plataforma Uber, indicam que cerca de seis mil motoristas estariam trabalhando nesta temporada, oferecendo seus préstimos por meio do aplicativo, exatamente o dobro em comparação ao restante do ano. Como base para comparação, Florianópolis tem cerca de 500 táxis rodando.
Uma verdadeira invasão de gente de todo o país. Não é à toa que nos primeiros 15 dias do ano, Florianópolis conviveu com os maiores congestionamentos já vistos na história da Capital. Pegue milhares de pessoas rumando para as praias do Norte da Ilha, por exemplo, e adicione outras centenas de motoristas de aplicativo levando passageiros para os mesmos destinos, em rotas que eles nem sequer conhecem e está temperada a salada da confusão total.
Os relatos da queda da qualidade dos serviços dos transporte por aplicativo cresceram exponencialmente nas redes sociais nesta temporada. E os preços, antes atrativos, dispararam. Uma viagem, por exemplo, entre Santo Antônio de Lisboa e o Centro, que custava, em média, R$ 21 fora da temporada, saltou para R$ 78 nos primeiros dias de 2018. As balas de goma, água gelada e carro impecável rarearam na pista. Resultado: desabou as estrelinhas de avaliação dos passageiros em relação a muitos motoristas. Nas locadoras, por exemplo, não existe mais carro para alugar para quem quer trabalhar com aplicativo.
Para o presidente do Sindicato dos Táxis de Florianópolis, Irandi Oliveira, os taxistas enfrentam uma concorrência desleal. “Nós não somos contra a tecnologia e os avanços do mercado, o que não aceitamos é que um aplicativo opere sem nenhum tipo de fiscalização ou controle num setor tão sério como o do transporte de passageiros”, diz Oliveira, que compara a relação entre taxistas e aplicativo à disputa entre lojistas formais e camelôs.
O chefe da Casa Civil, Filipe Mello, explica que a prefeitura de Florianópolis enviou projeto de lei à Câmara de Vereadores regulamentar a atividade do Uber em Florianópolis. Lembra que São Paulo, por exemplo, já adotou regras como a identificação do veículo com um adesivo no para brisa (veículo para transporte de passageiro por aplicativo). Além, é claro, da tarifação da receita obtida pela plataforma, que concentra 90% dos seus ganhos na capital paulista, já que as operações são feitas em larga escala por meio do cartão de crédito.
“Nosso projeto para regulamentação do uber é até mesmo para seguir qualificando a prestação deste serviço, mas precisamos saber exatamente quem e quais são estes profissionais”, explica Mello.
Para obter a licença em São Paulo, por exemplo, o motorista precisa fazer uma prova em que identifique pelo menos 70% das regiões da capital. Seria o ideal também para Floripa, até para evitar que motorista de aplicativo use o waze (outro app) para saber como se cruza da Ilha para o continente. É inegável que o Uber veio pra ficar e facilitou a vida de muita gente, mas como toda a novidade precisa passar por ajustes até o modelo considerado ideal.
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