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Felipe Schmidt, a rua do coração da Capital catarinense

Da Coluna de Carlos Damião (Notícias do Dia, 09/08/2017)

No processo final de recuperação da Ponte Hercílio Luz surgiu uma questão urbanística muito relevante: como ficarão os acessos insulares, que não têm mais essa função há pelo menos 35 anos? A prefeitura será responsável pela adequação do sistema viário, um desafio complicado, em vista da escassez de recursos.

No passado, a ponte era acessada por duas vias, sendo a principal a Felipe Schmidt. Na década de 1950 surgiu a Avenida Rio Branco como via de ligação secundária.

Por toda a extensão da Felipe, até 1975, formava-se o engarrafamento diário de automóveis e veículos pesados. Naquele ano foi inaugurada a segunda ponte, a Colombo Salles, que melhorou a mobilidade pelo menos durante cerca de 10 anos.

Embora de pequena extensão na sua parte inicial, a Felipe já existia no século 18, sendo chamada à época de Rua da Fonte do Ramos, numa referência à carioca que existia no local onde hoje é o Largo Fagundes (ex-Praça Pio 12), justamente onde terminava a rua.

Depois, e por causa dos moinhos de beneficiamento de arroz existentes na região, teve o nome trocado para Rua dos Moinhos de Vento. Em 1817 houve nova alteração, sendo chamada de Rua Bela até 1865, quando virou Rua Bela do Senado, depois simplesmente do Senado e mais tarde da República (1889). Felipe Schmidt, governador do Estado na década de 1910, passou a ser a denominação definitiva a partir dos anos 1920.

História demolida

A rua conservou os traços originais até por volta de 1928, quando o prefeito Mauro Ramos determinou o alargamento da via, pondo abaixo todo o patrimônio colonial. A medida foi necessária para dar vazão ao tráfego de veículos, ainda pequeno, em direção à ponte.

Outra grande mudança urbanística ocorreu entre 1976 e 1977, durante a primeira gestão do prefeito Esperidião Amin: a implantação do calçadão – de início entre a Praça 15 e a Rua Jerônimo Coelho. Conforme Amin, o objetivo era humanizar o Centro da cidade, reduzindo a circulação de automóveis e abrindo mais espaços para os pedestres.

SAIBA MAIS

– O prédio mais antigo da Rua Felipe Schmidt é a Igreja de São Francisco, cujas obras terminaram em 1803. Nos fundos da igreja, onde hoje é o Centro Comercial ARS, havia o cemitério mantido pela Ordem Terceira de São Francisco da Penitência.

– Curiosamente, a Felipe Schmidt, quando foi prolongada, terminava no cemitério municipal, junto à cabeceira da Ponte Hercílio Luz. Após 1926 o cemitério foi transferido para o bairro do Itacorubi.

– A Confeitaria do Chiquinho, na frente do Ponto Chic, era um dos pontos de encontro mais importantes de Florianópolis. Ali pontificavam autoridades, socialites, políticos, artistas. O prédio está intacto, é onde funciona uma megastore (livraria e papelaria).

– Foi uma rua de bares e cafés muito frequentados pelos moradores locais e visitantes. O único que restou é o Ponto Chic (Senadinho), na esquina com a Rua Trajano, hoje reduzido a um pequeno balcão.

– Também na Felipe ficava um dos hotéis mais elegantes da cidade, o Lux, que funcionou até a década de 1980. O edifício hoje abriga apenas escritórios.

– Na quadra entre as ruas Trajano e Deodoro havia uma das maiores lojas da Hoepcke, lendário grupo empresarial fundado por Carl Hoepcke no fim do século 19.

– As moças praticavam, até início da década de 60, o chamado “footing”, um passeio informal entre a Praça 15 e a Felipe Schmidt. No trajeto, elas eram paqueradas pelos rapazes

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