Uma equipe do Centro de Ciências da Administração e Socioeconômicas (Esag) da Universidade Estadual de Santa Catarina (Udesc) foi selecionada pelo Ford College Community Challenge (Ford C3) por desenvolver ideias com foco no empreendedorismo social. O projeto Arapuã foi criado para empoderar a comunidade da Tapera, em Florianópolis, por meio da produção do mel e da própolis vermelha no mangue. Outras três equipes foram selecionadas no Brasil, entre 24 concorrentes, e agora partem para uma competição nacional, que vai definir quem deve representar o país no Campeonato Mundial em Londres, na Inglaterra.
O projeto foi desenvolvido por estudantes com idade média de 20 anos, dentro da organização Enactus, uma comunidade internacional sem fins lucrativos que tem como objetivo usar o empreendedorismo para transformar vidas. Por meio da apicultura de mangue o time trouxe uma alternativa para empoderar a comunidade da Tapera, no Sul da Ilha, com uma atividade inovadora, altamente lucrativa e sustentável. Desde outubro de 2016 os estudantes atuam no bairro, em parceria com o Conselho Comunitário, e já selecionaram duas famílias para o projeto-piloto.
Betina Harger Silveira, coordenadora-geral do time Enactus da Udesc, conta que o projeto foi inscrito no Ford C3 em fevereiro, mas não que contavam com o incentivo para desenvolverem a ação:
— Foi uma surpresa e uma alegria sermos considerados um dos quatro melhores projetos do Brasil, considerando que os outros concorrentes também eram muito interessantes.
Após realizarem estudos, os universitários constataram que o mel produzido no mangue tem valor agregado de até 100% em relação ao comum, enquanto a própolis vermelha, produzida a partir de uma planta nativa do bioma, possui um valor até dez vezes maior que a própolis verde, a mais comum.
Com a premiação, a equipe terá U$ 5 mil para aplicar no projeto, que está previsto para ter início prático na próxima semana, quando os materiais encomendados na cidade de Içara devem ser entregues. A iniciativa também conta com apoio da Fundação Cargill, de São Paulo e da empresa local Flex Contact Center.
— Como não é a época ideal para a produção de mel, assim que o material chegar vamos treinar as duas famílias, inclusive sobre os procedimentos de segurança, e demarcar o terreno onde as caixas serão colocadas, assim como sinalizar para que outras pessoas saibam sobre a presença de abelhas no local. A expectativa é que a produção de mel tenha início entre o fim de julho e o início de agosto — explica Betina.
Em julho que a equipe vai defender o projeto Arabutã no Evento Nacional Enactus Brasil, no Rio de Janeiro. É a terceira vez que a equipe de Florianópolis participa do campeonato nacional da organização, mas a primeira com o incentivo da Ford C3. Se tiverem êxito na competição, podem representar o Brasil no Campeonato Mundial em Londres, na Inglaterra.
Conheça os outros três projetos selecionados:
Projeto Mudas,do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará, Iguatu (CE) – propõe palestras e cursos para a comunidade voltados à produção de frutas e hortaliças, fabricação de polpas, doces e bolos que evitem o desperdício de alimentos, além de um curso de informática para jovens, a promoção de feiras de comercialização de produtos e assistência técnica especializada em diversas áreas: saúde, agricultura e estética.
Projeto Solaris, do Instituto Tecnológico de Aeronáutica, de São José dos Campos (SP) – focado em economia de energia em comunidades subdesenvolvidas. O time está implementando painéis solares caseiros eficientes e de baixo custo para suprir a demanda da comunidade. Durante a fabricação dos painéis, os moradores são qualificados para construir o equipamento, assim como fazer a sua manutenção.
Projeto AlfaTech, da Universidade Federal do ABC, Santo André (SP) – consiste em desenvolver um software orientado para a aprendizagem individualizada, que melhora o processo de alfabetização de crianças na escola primária. A plataforma é baseada em jogos interativos e será executada, inicialmente, em todas as escolas públicas localizadas em Santo André e São Bernardo do Campo.
(Diário Catarinense, 18/04/2017)
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