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Entendimento entre Prefeitura de Florianópolis e servidores grevistas parece cada vez mais distante

(Por Rafael Martini, Diário Catarinense, 16/2/2017)

Manifestação assinada por 30 entidades empresarias e associativas, publicada nas páginas 2 e 3 do Diário Catarinense desta quarta-feira, defende uma ampliação do prazo concedido pela Justiça Federal à prefeitura para revisão do anteprojeto do Plano Diretor. Eles consideram os 45 dias acordados em audiência insuficientes e pedem que seja estendido para 180 dias.

Intitulado “Um Futuro Melhor para Florianópolis”, o texto dividido em seis tópicos diz que a cidade está empobrecendo sem o PD, ferramenta considerada estratégica não só à ocupação do espaço como também para orientar as forças econômicas. Sem citar o nome do prefeito Gean Loureiro, avalizam uma gestão municipal eficiente como condição para reorientar os rumos da cidade, mesmo que ao custo de medidas impactantes.

Na prática, tal declaração traz nas entrelinhas um posicionamento explícito das forças produtivas favorável ao governo municipal e contrário ao movimento grevista dos servidores. ¿Decidimos dar voz à maioria silenciosa, que responde por 80% da geração de riqueza  e 60% dos empregos formais da Capital, mas cansou de assistir a judicialização do Plano Diretor, paralisado por uma minoria ruidosa. O prefeito foi eleito democraticamente e tem o direito a fazer as mudanças que entender necessárias¿, diz o presidente da Embratur, Vinicius Lummertz, um dos articuladores do movimento.

Não por acaso, o texto foi publicado nos jornais um dia antes da manifestação programada pelo Sintrasem para esta quinta-feira. Os servidores prometem a maior mobilização desde que a paralisação começou um mês, com possível adesão da Comcap. Para dois analistas ouvidos pela coluna, o momento vivido atualmente em Florianópolis é um retrato, quase um microcosmo do cenário nacional, protagonizado por duas correntes antagônicas que estão medindo forças.

O governo Gean, mesmo com ampla maioria no Legislativo e aval das entidades empresariais, segue com dificuldades para conversar com os representantes dos servidores municipais, que não aceitam a carapuça de responsáveis pelo descalabro das contas públicas. Até decisão judicial que considerou a paralisação ilegal está sendo ignorada.

A corda esticou de vez e o entendimento parece cada vez mais distante. Nas redes sociais, espécie de termômetro da tensão, as opiniões também se dividem. O acordo, que por duas vezes parecia estar encaminhado para o fim da greve, não avançou, mesmo com a tentativa de intermediação da OAB. No meio deste cabo-de-guerra, quem mais sofre é exatamente aqueles que menos têm voz ativa: a população carente, sem escola ou creche para levar os filhos ou postos de saúde para uma consulta.

 

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