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Superbactérias estão presentes em hospitais de todas as regiões de SC 

O fechamento temporário de leitos da unidade coronariana do Instituto de Cardiologia de Santa Catarina (ICSC), localizado em São José, na Grande Florianópolis, para evitar que uma superbactéria se proliferasse entre outros pacientes, na semana passada, acendeu o alerta da população para o problema. Embora a presença de seres microscópicos resistentes a antibióticos comuns e causadores de morte seja assustadora, agentes de saúde garantem que a situação no Estado está sob controle e não há motivo para grandes alardes.

As bactérias com perfil de resistência são encontradas em hospitais que atendem pacientes crônicos em todas as regiões de Santa Catarina, afirma Ida Zoz, coordenadora de controle de infecções da Secretaria de Estado da Saúde.

— Todos os hospitais precisam de uma série de controles para evitar novas infecções — destaca.

Na Grande Florianópolis, o hospital Regional de São José e o Celso Ramos também registram casos de pacientes com bactérias multirresistentes. No Celso Ramos, o maior da Capital, dos cerca de 700 pacientes internados mensalmente, uma média de 18 está infectada ou é hospedeira da superbactéria KPC. Destes, quatro morrem por mês na unidade com a Klebsiella Pneumonia Carbapenamase incubada no organismo, informa o médico Valter Araújo, chefe da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar da instituição.

Já no Regional de São José, a superbactéria que predomina é a Acinetobacter, comumente encontrada no solo e na água. Ontem, havia na unidade seis pacientes com ela.

Chefe da Comissão de Controle e Infecção Hospitalar do Regional, o médico Luiz Escada afirma que a KPC é mais comum no hospital Celso Ramos.

– Temos a Acinetobacter, que é multirresistente também, mas enfrentamos esse problema em menos escala, uma média de seis, quatro casos por mês – explica.

Apesar da repetição e constância dos casos, o próprio Valter, chefe do setor desde 1983, afirma que a maioria das mortes de pacientes com KPC não foi causada pela potente bactéria.

– Não podemos associar as mortes à presença da bactéria, já que as pessoas que perdem a vida geralmente estão em estado grave por outros motivos, como câncer, insuficiência renal ou traumatismo craniano — adverte.

Ele revela que da média de 18 pacientes mensais com KPC na unidade, 12 têm a superbactéria colonizada no organismo, ou seja, presente, mas sem se manifestar.

Os outros seis casos são quando ela se manifesta e causa infecção, sendo que metade delas é no trato urinário, mais fácil de combater – os casos mais graves são de infecções no sangue.

O médico reconhece a gravidade do problema, admite que depois de a bactéria entrar no hospital é difícil de sumir, mas ressalta que essa situação não pode gerar pânico na população, pois a KPC só atinge fatalmente ¿pessoas já debilitadas¿.

Pacientes colonizados com KPC representam riscos para outros pacientes. Tanto os colonizados como os infectados ficam em isolamento no Celso Ramos.

– Temos o 7º andar para isolamento com 12 leitos. Mas utilizamos outros andares para completar os cerca de 18 casos por mês, que hoje estão estabilizados, pois o último aumento significativo que tivemos foi em fevereiro de 2015, quando registramos 45 casos em um mês – conta Valter.

Estudo projeta uma morte por superbactéria a cada três segundos em 2050

A preocupação com as bactérias multirresistentes não se limita aos hospitais de Santa Catarina. Um estudo encomendado pelo governo britânico projeta uma morte por superbactéria a cada três segundos em 2050, caso a população não seja educada a respeito do uso correto de antibióticos e novos medicamentos não sejam desenvolvidos.

O médico infectologista vinculado à UFSC Osvaldo Vitorino Oliveira lamenta que novos e bons antibióticos não venham sendo lançados.

— Para ser bom, um antibiótico precisa ser eficaz contra a bactéria que precisamos eliminar, tem que apresentar poucos efeitos colaterais e deve ser barato. E isso há muito tempo que não vem sendo pesquisado, porque não existe interesse por parte da indústria farmacêutica em fazer um remédio assim. Isso porque não dá lucro e as etapas de pesquisa são muito caras e exaustivas. Há décadas não temos antibióticos bons — declara.

( Diário Catarinense, 01/09/2016)

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