O laudo pericial feito pela engenheira sanitária Bernardete Regina Steinwandter, a pedido da Justiça Federal, diz que a Casan tem grande responsabilidade pela poluição no rio do Brás, em Canasvieiras. O documento também cita ocorrências de extravasamento de esgoto na EEE (Estação Elevatória de Esgoto) rio do Brás, e diz que devido ao volume lançado e à concentração de poluentes, isso contribui significativamente à poluição no local. “A Casan tem grande responsabilidade pelos problemas ambientais no rio do Brás, pelo fato do rio ser receptor de uma parcela dos efluentes da ETE Canasvieiras e dos extravasamentos da EEE rio do Brás… fica caracterizada uma influência muito grande das instalações da Casan sobre a qualidade da água do rio do Brás.”
Além disso, o laudo destaca que o efluente pode chegar até o rio Papaquara – rio de classe 1, ou classe especial -, principal afluente do rio Ratones, que por sua vez atravessa a Estação Ecológica de Carijós. Com 103 páginas, o documento aponta que a EEE rio do Brás pode estar sobrecarregada devido ao uso intensivo das três motobombas responsáveis pelo funcionamento da estação. “A motobomba 3 opera durante quase todo ano, sendo que deveria ser usada apenas em caso de falhas da 1 e 2. Isso indica que está operando para suprir uma demanda que o sistema natural não consegue. Estes fatos são indicativos de um subdimensionamento da EE do rio do Braz.”
Como o ND já havia publicado em 19 de janeiro, quando a reportagem flagrou caminhões tanques levando parte do esgoto bruto produzido por moradores e veranistas das praias do Sul da Ilha para serem despejados na ETE Canasvieras, o laudo pericial observa que existe um número indeterminado de residências em regiões não atendidas pela rede coletora de esgoto que podem apresentar, como destino final de seus efluentes, o rio do Brás. Estes efluentes são misturados ao material in natura das ligações clandestinas à rede de drenagem pluvial e contribuem para a poluição das águas dos rios Papaquara e do Brás e, consequentemente, da praia de Canasvieiras.
O laudo pericial foi protocolado na quinta-feira à ACP (Ação Civil Pública) movida pelo MPF/SC que trata da poluição no rio do Brás e outros mananciais do Norte da Ilha, e na qual a Casan é apontada como responsável pelos problemas ambientais decorrentes das operações de sua EEE e da ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) de Canasvieiras.
Nesta sexta-feira (5), o MPF/SC e a Casan ainda não haviam sido intimados a se manifestarem sobre o laudo. Na quarta-feira de cinzas, dia 10 de fevereiro, a procuradora Analúcia Hartmann, autora da ACP, retorna de férias e dará seguimento à ação. O juiz federal Marcelo Krás Borges também intimará o ICMBio a se manifestar sobre o laudo técnico. As partes terão 10 dias para apresentarem suas respostas após serem intimadas.
ICMBio diz que já sabia da grande responsabilidade da Casan na poluição do rio do Brás
Um dos trechos do laudo afirma que, dependendo das condições do mar, os efluentes despejados pela Casan no rio do Brás podem afetar o rio Papaquara, principal afluente do rio Ratones, que atravessa a Estação Ecológica de Carijós. “Certamente, dependendo das condições, uma parcela dos efluentes finais são destinados ao rio do Braz e uma parcela ao Papaquara.”
Confrontado com esse trecho do laudo, Sílvio de Souza, chefe da Estação Ecológica de Carijós, foi curto. “Isso nos já sabemos há muito tempo. O pior é que agora os efluentes estão todos indo somente para o Papaquara, pois com o desassoreamento do canal de drenagem que levava o efluente para os dois rios e o consequente fechamento do canal que levava ao Brás, todo efluente segue pelo Papaquara”, afirmou.
Leia na íntegra em Notícias do Dia Online, 05/02/2016
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1 Comentário
Rio Papaquara – “rio de classe 1, ou classe especial” é sacanagem,… -, onde ? nas nascentes?