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Taxa ambiental divide entidades

A proposta de criação de uma Taxa de Preservação Ambiental (TPA) em Florianópolis, aos moldes da já existente em Bombinhas, divide entidades empresariais. Enquanto parte das que representam turismo, hotelaria e comércio colocam a medida em xeque, outra não se sente segura para emitir posição. A ideia, em formatação pela prefeitura, ainda não tem data para ser enviada à Câmara de Vereadores.

A Associação Comercial e Industrial de Florianópolis (Acif) convidou o presidente da Companhia Melhoramentos da Capital e criador da proposta, Marius Bagnati, para uma reunião na entidade na terça-feira. Bagnati apresentou o plano para dirigentes da associação, mas não teria convencido. Segundo presidente da Acif, Sander DeMira, a entidade não vê justificativa que sustente o projeto.

– Saímos do encontro discordando ainda mais da criação da taxa, que não qualifica o turismo e sequer tem sua eficiência ou funcionamento garantidos – diz.

Já a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Santa Catarina (Abrasel-SC) emitiu nota na noite de ontem requisitando mais informações sobre o projeto. Afirmou também que a entidade não pode formar opinião a partir do pouco que foi definido. Presidente da Abrasel-SC e do Fórum de Turismo de Florianópolis (Fortur), Fábio Queiroz, acha pouco provável que a cobrança seja tirada do papel para este verão.

– Pedir mais cautela não significa que a ideia seja boa ou ruim, mas sim que ainda está tudo embrionário – pondera.

A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL Florianópolis) tem posição parecida. Em nota, afirma que vai se inteirar do projeto e que discutirá as implicações da proposta junto às demais entidades do Fortur.

IMPRESSÃO ERRADA PARA QUEM É TURISTA

A prefeitura de Florianópolis aponta a taxa como alternativa para custear a coleta de resíduos sólidos nas praias, realizar melhorias na infraestrutura (duchas e guarda-vidas, por exemplo) e ajudar com reforços na segurança, entre outros itens. Moradores das 22 cidades da Grande Florianópolis ficariam isentos da cobrança, que seria aplicada na temporada e estaria na casa dos R$ 24.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis em SC (Abih-SC), Samuel Koch, cobra do poder público um estudo sobre a capacidade turística de Florianópolis antes da criação de qualquer taxa, e teme que a imagem passada para o turista seja deteriorada pela criação de uma regra à parte para quem vem de fora.

– Basta ver como funciona em Fernando de Noronha (onde há TPA). Lá, sabe-se qual é a capacidade máxima e a movimentação total na alta temporada. Cobrar assim, sem maiores explicações, dá a impressão que a mensagem passada é de que o turista traz lixo para Florianópolis – critica.

( DC, 15/10/2015)


Para prefeita de Bombinhas, a inadimplência não é grave

Como a TPA aplicada em Bombinhas na temporada passada tem servido de base para a proposta em Florianópolis, a prefeita do município do Litoral Norte, Ana Paula da Silva (PDT), conversou na Capital, ontem, com o autor do projeto, o presidente da Comcap, Marius Bagnati. Ela apresentou os resultados e discutiu problemas enfrentados pela taxa ambiental, pioneira em SC.

Embora o montante arrecadado em Bombinhas devesse ter sido de R$ 7 milhões, metade dos motoristas não teria pago a taxa. Ana Paula reconhece a inadimplência, mas não vê problema grave.

– Não é que muitos dos turistas tenham se esquivado, eles realmente não conseguiram pagar por conta de problemas no sistema.

Ela também diz que nos fim do verão, quando o conhecimento sobre a taxa era maior, quase 80% dos turistas pagava ao entrar na cidade.

– É sempre assim: uma política nova tem baixa adesão no início e vai ganhando quando as pessoas vão passando a apoiá-la.

( DC, 15/10/2015)


“Não há como concordar”

ENTREVISTA | Sander DeMira, Empresário e presidente da Associação Comercial e Industrial de Florianópolis (Acif)

Diário Catarinense – A Acif apoia a criação de uma taxa ambiental na Ilha de SC?

Sander DeMira – Não há justificativa para concordar com a proposta que está sendo lançada. É preciso um choque de gestão no poder público e recapacitar o turismo. Gosto da analogia: “não adianta continuar botando gasolina no tanque furado”. Senão, o dinheiro nunca vai ser suficiente.

DC – O que deve ser feito então para melhorar o setor?

DeMira – Precisamos pensar na qualificação do turismo. Não adianta ter a ilusão de que um novo tributo vai resolver a situação sem bolar ações estruturantes. Florianópolis continua de costas para o mar, sem marinas, sem transatlânticos.

DC – O público muda com a criação da taxa?

DeMira – Cobrar R$ 20 não qualifica o turismo. Pelo contrário, passa uma impressão ruim: em vez de fazer um movimento de receber o turista, a gente faz o contrário e cobra dele.

( DC,15/10/2015)

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