A frase é do ex-prefeito Dário Berger: “Em Florianópolis, tudo que você bota a mão para resolver acaba descobrindo um rolo.”O agora senador eleito fez a declaração ao repórter Upiara Boschi durante uma entrevista no auge da Operação Moeda Verde, deflagrada em maio de 2007, e considerada até então a maior investigação da Polícia Federal na capital catarinense.
Qualquer semelhança entre o passado e o presente não é mera coincidência. Florianópolis acordou ontem sobressaltada pela Operação Ave de Rapina, também da PF. A exemplo de sete anos atrás, envolve o Legislativo, sendo diretamente o presidente da Casa, funcionários da prefeitura e empresários. Passa por mudanças na legislação para atender interesses obscuros e no desvio de milhares de reais do meu, do seu, do nosso dinheiro público.
A de hoje fala na bagatela de R$ 30 milhões. Enfim, poderíamos listar uma centena de similaridades. Não dá para esquecer também o inquérito tocado pela Deic que investiga as alterações de senhas no pró-cidadão. Florianópolis está tomada por organizações que dão as cartas na coleta de lixo, na concessão do táxi, do alvará ou do transporte coletivo. Viramos reféns. Basta puxar um escândalo, que vem outro grudado…
CIDADE LIMPA TRAZ A SUJEIRA
O prefeito Cesar Souza Junior enviou para a Câmara de Vereadores de Florianópolis o mesmíssimo projeto de lei adotado em São Paulo para retirar das ruas a poluição visual por meio de outdoors e placas de todos os formatos, tamanhos e cores, popularmente batizado de Cidade Limpa.
No entanto, um substitutivo global apresentado pelo vereador Marcos Espíndola, o Badeko (PSD), estraçalhou a proposta original, que restringia o uso de placas pela cidade. A nova versão da lei voltou para o prefeito, que vetou as mudanças. Ao retornar ao legislativo, a Câmara da Capital não só derrubou o veto do prefeito como manteve a farra das placas pela cidade.
Só três vereadores votaram contra o substitutivo apresentado por Badeko. E foi nestas idas e vindas do projeto totalmente desfigurado que a PF identificou indícios de irregularidades entre o Legislativo e empresários do setor. Ah, o argumento era de que a restrição das placas iria gerar forte desemprego no setor.
Foto:GUTO KUERTEN
COINCIDÊNCIAS
Do jornalista Urbano Salles no Facebook: os atuais presidentes das duas “casas do povo” com sede em Florianópolis estão envolvidos em escândalos. Romildo Titon, da Assembleia, virou réu no caso da Operação Fundo do Poço (a maior já feita pelo Gaeco), e agora Cesar Faria, da Câmara de Vereadores, envolvido na Ave de Rapina, da PF.
PRIMEIRA NOITE
Os 11 detidos pela PF dividiram a mesma cela na Central de Triagem do complexo prisional da Agronômica. A capacidade é para 12.
VAPT-VUPT
Menos de 48 horas depois de deixar a cadeira de prefeito, vereador Tiago Silva volta a ocupar a presidência da Câmara de Vereadores. Cesar Faria, após passar o dia na sede da PF dando explicações, anunciou que vai se afastar do cargo.
NA MESA
A operação da PF terá reflexo direto na eleição da mesa diretora da Câmara de Vereadores. Cesar Faria, que iria para a reeleição, agora é carta fora fora baralho. O jogo já começou.
(DC,13/11/2014)
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