Além dos problemas domésticos que precisam ser resolvidos, como a melhoria dos equipamentos de baixa e média tensão, no caso da distribuidoras de energia, há um desafio que também depende da água: as hidrelétricas.
A estiagem entre 2013 e 2014 secou a fonte das hidrelétricas, forçando o governo federal a utilizar matriz térmica em excesso, que chega a ser 10 vezes mais cara. Como as distribuidoras só podem elevar a tarifa uma vez por ano – no caso da Celesc, dia 12 agosto –, esse prejuízo acaba represado. A saída do governo foi emprestar dinheiro para as concessionárias. A Celesc recebeu R$ 1 bilhão no último ano.
Desde o começo deste ano, a implantação do sistema de bandeiras tarifárias deveria repassar o aumento da tarifa já no mês seguinte ao gasto excedente com compra de energia termelétrica. Mas a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) prorrogou a implantação do novo sistema por um ano. De acordo com o presidente da Celesc, Cleverson Siewert, as bandeiras tarifárias serão aplicadas em todo o país a partir de janeiro de 2015 e devem representar um alerta de economia de energia para a população.
Funcionando em teste, a bandeira tarifária da região Sul foi considerada vermelha de janeiro a abril de 2014. Em SC a situação é melhor.
– A capacidade transformadora é de 6,5 mil megawatts, mas o auge do consumo durante o último verão foi de 4.700 MW. Nossa produção energética chega a 6% da nacional e consumimos apenas 5%. – diz o presidente da Celesc.
CRISTOPHER VLAVIANOS
2015 merece muita atenção
O período chuvoso 2014/2015 se aproxima, porém previsões meteorológicas de médio e longo prazo são incertas e a situação dos reservatórios das hidrelétricas, que são responsáveis por 75% do consumo do país, segue crítico. O Sudeste, que representa a maior parte do volume, deve terminar novembro com 16% de armazenamento. No entanto, a região Sul segue com bons índices pluviométricos – de acordo com a direção da Celesc. Ou seja, o ano de 2015 merece muita atenção, uma vez que estão previstas temperaturas acima da média, além da exposição das distribuidoras ao preço do PLD (Preço de Liquidação das Diferenças) nos últimos dois anos e o custo elevado do despacho das térmicas – matriz mais cara – que resultaram em mais de R$ 50 bilhões em gasto excedente no último ano.
Já se sabe que um único período de chuva não será suficiente para recuperar reservatórios e o país deve se preparar para o próximo período de seca, em meados de abril do ano que vem. É preciso acelerar a implantação do sistema de bandeira tarifária que, se já estivesse em vigor, aliviariam o caixa das distribuidoras em R$ 9,6 bilhões este ano e outros R$ 6,9 bilhões em 2015. Nesse contexto quando o consumidor não tem o sinal de preço correto, não reage e agrava a situação.
(DC, 11/ 11/ 2014)
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