Apesar de suas belezas naturais, Florianópolis ainda é uma cidade que enfrenta sérios problemas ambientais, como o alcance da cobertura de saneamento básico, que cobre apenas 55% da área do município. Mas não é apenas isso. A poluição nas baías Norte e Sul e na Lagoa da Conceição, somadas a APPs (Áreas de Preservação Permanente) invadidas nas últimas décadas, são outros exemplos do tamanho do problema. Que só será resolvido com a união de forças entre população e poder público.
Essas e outras questões referentes ao meio ambiente na Capital foram discutidas ontem no terceiro debate do movimento Sou Bem Floripa, iniciativa da RICTV para incentivar ações ambientais positivas na cidade. Durante 90 minutos, autoridades e especialistas no assunto debateram ações e maneiras que façam com que Florianópolis, nas próximas datas relativas ao Dia Mundial do Meio Ambiente, seja lembrada apenas pelo seu bem maior: a bela natureza que circunda o lugar. “É preciso conscientização da população, para não aumentar o problema, e celeridade do poder público para destravar questões burocráticas que por vezes impedem um trabalho mais eficiente”, disse Alexandre Waltrick, presidente da Fatma (Fundação Estadual do Meio Ambiente).
Entre os assuntos debatidos no programa, que terá os melhores momentos exibidos neste sábado, às 22h, pela Record News, destaque para a poluição nas águas da cidade e os problemas da rede coletora de esgoto. “A Floram tem feito, junto com o projeto Se Liga na Rede, fiscalização em áreas com esgoto irregular. Estamos identificando esses pontos, notificando as pessoas e buscando a conscientização da população, porque só assim conseguiremos melhorar as condições ambientais em Florianópolis”, disse João da Luz, diretor de gestão ambiental da Floram (Fundação Municipal do Meio Ambiente).
Patrice Barzan, gerente de meio ambiente e recursos hídricos da Casan, afirmou que a meta da entidade é de aumentar em 20% o alcance da cobertura de saneamento básico na cidade, nos próximos três anos. “A Casan tem obras em andamento. Uma delas é a de implantação da rede coletora no Abraão, que é a última parte do Continente que faltava para ter 100% da rede coletora”, informou.
Lagoa corre o risco de perder espelho d’água
Cartão-postal de Florianópolis, a Lagoa da Conceição já foi objeto de estudo do engenheiro sanitarista Vinícius Ragghianti, diretor adjunto da Acesa (Associação Catarinense de Engenheiros Sanitários). Em seu trabalho, ele conclui que a vida no estuário corre risco de desaparecer se nada de efetivo for feito nos próximos anos. “Na lagoa temos um conflito de uso e ocupação do solo, algo que foi ocorrendo ao longo do tempo, numa situação em que não havia preocupação das pessoas em relação ao saneamento. A grande contribuição que a sociedade pode dar é deixar de fazer ligações clandestinas de esgoto, para depois cobrar do poder público medidas para o problema”, explicou Ragghianti.
João da Luz, diretor de gestão ambiental da Floram, falou sobre a possibilidade de perda do espelho d’água da Lagoa da Conceição, como ocorreu na Lagoa da Chica, no Campeche, anos atrás, devido ao assoreamento. “Se não cuidarmos, o espelho d’água da Lagoa pode sumir. A situação é crítica. Quem seguir jogando esgoto na Lagoa acelerará a degradação do local, onde não tem apenas esgoto, mas outros materiais diversos”, lembrou.
O QUE ELES DISSERAM
“Os desafios são imensos. A complexidade do meio ambiente é inerente a esses desafios, mas não podemos esquecer que para enfrentar isso é preciso um pacto da sociedade com o poder público. Só assim será possível vencer essa briga”.
Vinícius Ragghianti, diretor adjunto da Acesa
“É preciso cumprir a legislação e colocar na cabeça das pessoas a necessidade de se cuidar do meio ambiente. Já o poder público precisa pensar em soluções sustentáveis”.
Alexandre Waltrick, presidente da Fatma
“A Casan está trabalhando para aumentar o alcance das redes coletoras e de tratamento de esgoto em Florianópolis. O trabalho não é simples, mas está avançando”.
Patrice Barzan, gerente de meio ambiente e recursos hídricos da Casan
“Temos que sentar com as comunidades e solicitar ajuda nas formas de cuidados das áreas de conservação e preservação, para que quem mora nessas áreas ajude o poder público a cuidar do meio ambiente”.
João da Luz, diretor de gestão ambiental da Floram
(Notícias do Dia Online, 05/06/2014)
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