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Os moradores e o turismo

Da coluna Ponto Final, por Carlos Damião, Notícias do Dia Online, 10/01/2014

Lendo com atenção a entrevista publicada pelo Notícias do Dia de quinta (9), com o secretário Nacional de Políticas de Turismo, o catarinense Vinicius Lummertz Silva, veio-me à cabeça uma reflexão que tem escapado à maioria dos debates: alguém já se interessou em pesquisar, junto à população, em especial os moradores dos nossos balneários, qual a expectativa (ou satisfação) que têm em relação à atividade turística? Não estou falando de empresários, hoteleiros, construtores, mas de pessoas comuns, que não têm negócios ligados ao turismo. Se os pesquisadores tivessem a sorte (ou o contrário) de encontrar moradores frequentemente agredidos pelo som alto, zoeira, festas sem fim, sujeira, bebedeiras, proezas automobilísticas e grosserias, com certeza essa sondagem apontaria uma rejeição generalizada à presença de visitantes em Florianópolis durante a temporada de veraneio.

Aliás, é bem o que disse a manchete do ND, reproduzindo uma frase de Vinicius Lummertz Silva: “Há preconceito com o turismo e o turista”. O secretário, com certeza, sabe muito bem por que grande parte dos florianopolitanos tem algum tipo de restrição à circulação de turistas. O problema está na desordem que o turismo inspira. Desordem que decorre da falta de planejamento, da desorganização, do pouco caso do poder público, da falta de água, da falta de energia, da bagunça, da precariedade viária… A lista vai longe. E uma boa política de turismo deveria incluir os moradores na sua construção. Afinal, eles são os maiores interessados em ver sua cidade preservada e admirada

Sustentabilidade

É óbvio que ninguém pode impedir a presença de turistas entre nós –muitos, aliás, são bem-vindos, porque nos ajudam a lutar pela preservação das nossas belezas naturais. Mas o que está errado nisso tudo é a falta de organização, a falta de uma política de turismo sustentável e comprometido com a cidade, não com setores específicos. E sustentabilidade inclui, sob todos os aspectos, o quesito “impacto de vizinhança”. Se quem mora tem que sair de casa para dar lugar à bagunça, tem algo de errado nessa “política de turismo”.

Bom turismo

Chama-se Floripa Walking Tour o belo projeto que vai atender grupos de visitantes, turistas nacionais e estrangeiros e todos os interessados em conhecer a história e as curiosidades relativas ao centro histórico da Ilha de Santa Catarina. Em bom português, são os Condutores Culturais Locais, formados num curso do IFSC (Instituto Federal de Santa Catarina), com apoio do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e credenciamento da Secretaria de Turismo da Capital.

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