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Coleção Gilberto Chateaubriand, no Masc, apresenta um painel didático sobre a evolução artística no País

Você já foi ao Museu de Arte de Santa Catarina nas últimas semanas? Se ainda não, vale a pena reservar um espaço na sua agenda para fazer uma visita ao Centro Integrado de Cultura, na Capital.
Desde o dia 9 de maio as paredes do Masc estão completamente preenchidas pela exposição Um Século de Arte Brasileira. As 170 obras pertencentes à coleção de Gilberto Chateaubriand oferecem um verdadeiro painel didático da arte brasileira desde o movimento modernista até o fim do século 20 – de Tarsila do Amaral à Barbie profana.
O caderno de Variedades convidou as professoras de História da Arte Rosângela Cherem e Sandra Nakowiecky, da Universidade do Estado de Santa Catarina, para comentar os principais trabalhos exibidos na mostra e o significado das inovações – e releituras – revelados em seus traços.
A primeira dica das professoras é não se ater fielmente às datas e períodos demarcados na exposição. Embora estejam apresentadas em blocos temáticos diferenciados, não é possível estabelecer delimitações precisas entre períodos e movimentos. Como no ditado “nada se e cria, tudo se copia”, a arte é freqüentemente abastecida pelo passado. A coleção entende como modernismo, por exemplo, o conjunto de obras criadas a partir da 1ª Guerra Mundial – hoje sabe-se que as primeiras manifestações do movimento são anteriores a esse período.
Abaixo, veja um pouco do que você vai encontrar no Masc, na seqüência temporal em que estão dispostos lá.
Aula de arte nas paredes
1910 – 1940 – Modernismo
Características: desejo de atualizar o pensamento pictórico no século 20, que era bastante tradicional; experimentação plástica.
Destaque: Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti e Candido Portinari
Preste atenção: nas obras de Anita Mafaldi, como A Japonesa, de 1924. Diferentemente dos outros artistas do período, ela não recorre à temática nacionalista.
1950 – Neo-concretismo
Características: o artista vai pensando a obra na tela; efeitos ópticos; arte premeditada; inclusão de uma interlocução com o espectador.
Destaque: a peça Bicho, de Lygia Clark, é considerada o marco da arte contemporânea. Esta obra propõe uma interação com o espectador, que é convidado a manipular o objeto.
Preste atenção: nos quadros de Alfredo Volpi. Ao mesmo tempo que explora a simetria, ele recorre a temática colonial (representada pelas bandeirinhas, a marca registrada do artista) e deixa marcas do trabalho manual – elemento quase sempre recusado pelos neo-concretistas.
1960 – Pop Art
Características: recusa da geometria; elementos da publicidade; luz do neon e da fotografia; arte engajada (denúncia da ditadura militar); cores vibrantes.
Destaque: a pintura Zebra, de Cláudio Tozzi
Preste atenção: na instalação Eis o Saldo, de Antonio Manuel, que reproduz, em preto e vermelho, a capa a de um jornal com a manchete de um estudante morto durante uma manifestação contra o regime militar.
1970 – A vez dos objetos
Características: ênfase na experimentação; os artistas passam a diversificar os elementos utilizados em suas obras; o ordinário (o objeto comum) é elevado a condição de extraordinário.
Destaque: na obra Viemos do Mar II, do mineiro Farnese de Andrade. O boneco mutilado dentro de um vasilhame com água é uma marca do trabalho de Andrade.
Preste atenção: nos cadernos de anotações e de fotografias de Artur Barrio e Luiz Alphonsus, que dão uma palha da intimidade do processo de criação dos dois artistas.
1980 – Hora de experimentar
Características: durante o processo de redemocratização política do país a arte se torna mais experimental e diversificada; os artistas passam a incorporar outros tipos de materiais aos seus trabalhos.
Destaque: no quadro La Desserte, de Beatriz Milhazes, que resgata elementos da pintura barroca.
Preste atenção: na obra Camisetas, de Leda Catunda, que resgata elementos da pop art. A artista cria uma espécie de painel com a colagem de 12 camisetas.
1990 – Fotografia é arte
Características: manipulação fotográfica; mistura de elementos; denúncia social;
Destaques: na inovação do paulistano Vik Muniz na fotografia da série Equivalents. Para criar a imagem o artista, publicitário por formação, manipulou um pedaço de algodão.
Preste atenção: em uma boneca Barbie colada à parede. Símbolo da sociedade do consumo e do culto extremo a padrões de beleza, ela aparece vestida com trajes religiosos e possui um sensor que coloca a língua para fora. A autora do trabalho, intitulado Milagre, Mariana X, já comprou briga em diversas mostras pela ousadia e polêmica das suas invenções artísticas.

Serviço

Quando: até 15 de junho
Onde: Museu de Arte de Santa Catarina, no Centro Integrado de Cultura (CIC), em Florianópolis (Av. Gov. Irineu Bornhausen, 5.600, Agronômica)
Horário: das 13h às 21h
Informações: (48) 3953-2324
(Karine Ruy, DC, 28/05/08)

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