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Guerra da mobilidade
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Por Viviane Bevilacqua (DC, 10/05/2013)

Ana Clara tem dois anos e meio. Boneca, bola, joguinhos, nada disso desperta a atenção dela mais do que cinco minutos. Além dos desenhos na televisão, principalmente os de princesa, ela só consegue ficar concentrada e entretida por horas a fio, mexendo no tablet da tia. É impressionante como os pequenos aprendem muito mais rápido do que os adultos a lidar com todas essas novidades do mundo digital.

Aprender onde fica a tecla do liga/desliga não demorou mais do que alguns segundos. Em seguida, Ana Clara identificou e decorou os ícones de seus jogos eletrônicos preferidos – e sabe interagir muito bem com eles. Conversa com a girafa, o gato, a gatinha vaidosa, o cachorro e até com os dinossauros, a quem, digitando uma tecla, Ana oferece comida, atira um pedaço de osso ou comanda uma briga entre dois terríveis monstros pré-históricos. Depois de conseguir seu intento, a menininha de carinha sapeca olha para quem está à sua volta e diz: “Bicho babo, né titio?” E depois parte para um outro joguinho interativo, sem pedir ajuda para ninguém.

É surpreendente esta intimidade entre as novas gerações e as novas tecnologias. Parece que elas já nasceram com um chip onde estão armazenadas todas as informações de que precisam. Mas, como em tudo na vida, existe um outro lado que me preocupa. Como a escola vai conseguir cumprir o seu papel de ensinar estas crianças e jovens e fazê-los prestar atenção às aulas e aos conteúdos nesta era digital, quando basta apertar meia dúzia de teclas para ter todas as respostas prontas, ali, no seu computador de bolso?

O professor Fernando Almeida, diretor editorial do Ético Sistema da Ensino, da Editora Saraiva, acredita que o aproveitamento da tecnologia passará necessariamente por uma modificação na linguagem educacional. O aluno deixará de ser um componente passivo e se tornará um elemento ativo do processo de ensino e aprendizagem. Ao professor caberá o importante papel de coordenador do processo, mediando o caminho do aluno rumo à aprendizagem e à aplicação dos fundamentos.

Para estes novos tempos, conclui o pesquisador, é necessário e urgente capacitar os mestres desde a sua formação; assim, quando eles chegarem na sala de aula estarão aptos a auxiliar os alunos a desenvolverem suas habilidades e competências fundamentais para o pleno exercício das suas capacidades.

Uma coisa é certa: o ensino tradicional, do professor enchendo o quadro-negro de textos ou lendo apostilas e os alunos só copiando tudo no caderno, está com os dias contados. Ainda bem.

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