Desde quinta-feira passada, a escola estadual Getúlio Vargas está silenciosa. Nos corredores do colégio do bairro Saco dos Limões, na Capital, só há papeis colados com os nomes dos alunos informando qual a sala de aula deveriam estudar. As classes foram canceladas porque a escola faz parte de uma lista conhecida de pais e comunidades: a de 30 colégios estaduais da Grande Florianópolis que não têm condições de receber alunos. Há mais de dez anos o local não recebe reformas.
A situação precária se tornou ainda mais evidente depois que um vizinho do colégio percebeu, na quarta-feira (20) que uma fumaça preta saía de uma janela. Era o ventilador da sala do 1º ano, onde 39 alunos estudaram até o fim da tarde. O equipamento pegou fogo e, quando os bombeiros chegaram ao local, sequer encontraram um extintor no último prédio da escola, onde todos os dias estudam adolescentes do Ensino Médio. “Tomamos um grande susto, mas graças a Deus nenhum aluno estava lá naquela hora. Imagine a correria que poderia acontecer”, disse a professora de matemática Eliane França, que há 12 anos leciona na Getúlio Vargas. Na tarde de sexta-feira (22), a equipe do Notícias do Dia flagrou uma sala de aula vazia com outro ventilador ligado. A sala ficava no prédio da frente àquele que pegou fogo na quinta. O vigia do colégio explicou que alguns equipamentos não param de funcionar e é necessário desligar o disjuntor geral do bloco de salas.
Depois do princípio de incêndio, os professores decidiram em parceria com a direção, cancelar as aulas até que a escola tenha condições de segurança suficientes para receber a comunidade escolar. São 1.080 alunos em casa e 100 professores que não podem lecionar.
Secretaria garante reforma
Com tantos problemas envolvendo a estrutura de escolas estaduais, o secretário de desenvolvimento regional, Renato Hinnig, não fala mais sobre o assunto diretamente com a imprensa. A declaração da Secretaria veio por meio de nota oficial, que garante que a escola Getúlio Vargas está na lista de instituições da Grande Florianópolis que receberá reforma geral. As obras começam ainda em março e estão orçadas em R$ 2,9 milhões. Ainda não está decidido o que será feito com os estudantes durante o tempo de reparo na escola.
A secretaria de Estado da Educação justificou que não se pronunciará sobre o assunto porque são as SDRs (Secretarias de Desenvolvimento Regional) que podem responder sobre a questão de infraestrutura dos colégios estaduais. Segundo a SDR, são 30 escolas que precisam de reformas ou reparos na região. Para isso, são necessários R$ 25 milhões, valor que ainda não está disponível na secretaria. Na Grande Florianópolis são 122 escolas estaduais.
Problemas em todos os lados
Antes do incidente com o ventilador, o estado da escola preocupava os professores e alunos. Não é difícil encontrar em salas de aula o piso de madeira quebrado, com reparos improvisados feitos em cimento. Dois ares-condicionados novos são o exemplo do descaso com a qualidade do prédio. Eles estão lá, mas nunca foram ligados porque a rede de energia não suporta a potência dos equipamentos.
Nos corredores, as paredes pichadas pelos alunos. São poucas as portas com fechadura funcionando. Dentro das salas, o cheiro é de mofo, como se o local estivesse fechado há anos. “A pintura da frente da escola é uma maquiagem. Foi a associação de pais e professores que pagou para que o ano começasse com uma impressão um pouco mais bonita”, assegurou a professora de matemática, Eliane França.
(ND, 23/02/2013)
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