Problema comum nas grandes cidades, a mobilidade urbana está mudando os espaços e hábitos nos condomínios.
Um dos maiores problemas enfrentados nas grandes cidades, a mobilidade urbana pode ser caracterizada como a capacidade de deslocamento de pessoas no espaço urbano para a realização das atividades cotidianas em tempo considerado ideal, de modo confortável e seguro.
Com a popularização do automóvel, que parecia ser a solução mais eficiente para a necessidade de locomoção dos indivíduos, o simples ato de se movimentar virou um grande desafio, com trânsito paralisado, desperdício de tempo e combustível, problemas ambientais e de ocupação do espaço público.
Por essas e outras razões, com grande influência na economia das cidades e na qualidade de vida das pessoas, quando precária, a mobilidade urbana custa caro ao Estado e à sociedade. Nesse sentido, melhorar a qualidade do transporte foi tema de muitas campanhas nas últimas eleições e também é um dos principais desafios a serem perseguidos pelos novos prefeitos que tomaram posse em janeiro.
Para ajudar a reduzir esses impactos causados principalmente pelo crescimento rápido e desordenado, o Governo Federal lançou em 2012 a Política Nacional de Mobilidade Urbana (Lei 12.587/2012), que instituiu as diretrizes que servem como instrumento da política de desenvolvimento urbano, objetivando a integração entre os diferentes modos de transporte e a melhoria da acessibilidade e mobilidade das pessoas e cargas no território do município.
A legislação define Mobilidade Urbana Sustentável como o resultado de um conjunto de políticas de transporte e circulação que proporcionem o acesso amplo e democrático ao espaço urbano através da priorização dos modos não motorizados e coletivos de transportes de forma efetiva, que não gerem segregações espaciais, socialmente inclusivas e ecologicamente sustentáveis.
Dessa forma, a mobilidade urbana sustentável envolve a implantação de sistemas múltiplos e combinados, como trens, metrôs e bondes modernos, ônibus “limpos”, com integração a ciclovias, esteiras rolantes e elevadores de grande capacidade.
Ideias inovadoras, como os sistemas de bicicletas públicas implantados em Copenhague, Paris, Barcelona, Bogotá, Boston e em várias outras cidades, como o Rio de Janeiro, também têm contribuído para minimizar os problemas de mobilidade.
A valorização da bicicleta como meio de transporte tem sido uma solução amplamente defendida por governantes e urbanistas e também vem sendo disseminada nos condomínios. Em Florianópolis, a nova administração pretende chegar em janeiro de 2014 com 30 km a mais de ciclovias, um aumento de 70% em relação à atual malha cicloviária de 43 km da capital. A meta foi estipulada pelo prefeito Cesar Souza Junior e pelo secretário de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente, Dalmo Vieira Filho.
O objetivo da prefeitura é criar ciclofaixas no continente, no Centro, na Trindade e nas regiões do Saco da Lama e de Cacupé. Entre as ciclovias, a prioridade total é o trecho da chamada Bacia do Itacorubi, que atenderia à demanda de alunos da Udesc e da UFSC, que são grandes usuários da bicicleta como meio de transporte.
Consciência
Para a arquiteta Rafaela Monteiro, está ocorrendo uma conscientização maior por parte das construtoras. “Os prédios mais novos se preocupam mais com o tamanho dos bicicletários, antigamente eles eram menores e sem uma organização adequada, as bicicletas ficavam amontoadas. Hoje existem vários modelos de estruturas de fixação que permitem uma correta fixação e organização das bicicletas, com isso os usuários se sentem motivados a usar mais as bicicletas já que o acesso fica fácil”, explica.
Existem os suportes de parede individual, onde as bicicletas ficam suspensas e facilitam a limpeza. (foto) Esse espaço pode ser utilizado numa parede da garagem que tenha passagem livre. Também existem os suportes individuais para locais estreitos. Esse modelo é ideal para quem tem espaço na parede do fundo da vaga de garagem. (foto) E ainda há o modelo convencional que não ocupa muito o espaço do condomínio, no qual as bicicletas ficam penduradas e deslizam num trilho como uma cortina. Este modelo tem tamanho mínimo de 2,00 m com capacidade de oito bicicletas (foto) e utiliza um espaço mínimo de 2 metros de largura com acesso livre pela frente.
Repensar espaços
No Residencial Oásis, situado no bairro Itacorubi, em Florianópolis, a adesão às bicicletas é grande. Todos os 176 apartamentos possuem ao menos uma e cada um dos quatro blocos do condomínio possui espaço próprio para guardar até 15 bicicletas. Thiago Lapolli, síndico do residencial, é um grande incentivador do uso deste meio de transporte. “Cada um que optar pela bicicleta para se locomover será um carro a menos na rua. Isso é saúde, menos poluição e menos trânsito nas vias para todos”, destaca.
Mas com tamanha quantidade de bicicletas, os moradores tiveram a necessidade de repensar os espaços destinados a elas. Em 2002 observaram que existiam muitas bicicletas de ex-moradores abandonadas nos bicicletários dos blocos. Foi então que, em assembleia, decidiram doá-las para comunidades carentes e também para os funcionários do residencial. A ação liberou espaço para as bicicletas de atuais moradores, mas ainda faltam vagas e muitos guardam no apartamento ou na garagem.
Por essa razão, também foi aprovado em assembleia a construção de um novo bicicletário no condomínio que disponibilizará mais 15 vagas. Essas ocuparão duas das 18 vagas que hoje são destinadas para carros de visitantes. O objetivo é que essas estejam prontas até o final de 2013.
Rafaela, que também está planejando um bicicletário na empresa onde trabalha, orienta que o importante é que o local seja seguro e coberto, podendo o tamanho variar de acordo com o modelo de fixação das bicicletas, basta verificar no mercado os modelos disponíveis para fixação de acordo com as necessidades e disponibilidade de espaço.
(Por Graziella Itamaro, Condominio SC, 18/02/2013)
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