Depois de quatro dias de trégua em Florianópolis, criminosos driblam esquema montado para a proteção dos ônibus e põem fogo em veículo no fim da tarde de ontem
A trégua de atentados em Florianópolis durou quatro dias. Em plena tarde de ontem, numa rua rodeada por casas no morro da Caieira do Saco dos Limões, a um quilômetro do Centro de Florianópolis, criminosos incendiaram o 24º ônibus no Estado desde a semana passada, 20 deles destruídos. Até agora, são 18 cidades que enfrentam a onda de ataques.
Uma passageira embarcou no mesmo ponto em que estavam os dois homens que atearam fogo no ônibus da empresa Transol, às 17h30min, na Rua Custódio Firmino Vieira. Ela iria visitar uma vizinha hospitalizada, mas o coletivo não saiu do lugar.
Assim que sentou na poltrona, os criminosos mandaram o motorista abrir as portas e todos os 11 passageiros descer. O motorista estava saindo quando lembrou que não havia acionado o freio.
– Voltei e ainda consegui puxar o freio de mão. Se não fizesse isso, o ônibus ia descer a ladeira – contou na delegacia.
Ele e o cobrador não conseguiram reconhecer um adolescente de 14 anos apreendido no local. O garoto negou ter participado do atentado ou que conhecesse os dois suspeitos.
O fogo destruiu todo o veículo. O lugar do atentado fica próximo à sede do Batalhão de Choque da Polícia Militar. Viaturas chegaram em poucos minutos, mas os autores conseguiram fugir em direção ao morro. Uma multidão permaneceu na rua acompanhando o trabalho dos bombeiros.
Crimes à noite haviam parado
Dezenas de policiais civis e militares tentaram romper a lei do silêncio que costuma marcar a região e colher depoimentos de moradores. O diretor de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública, delegado Mauro Cândido Rodrigues, era um dos policiais que interrogaram pessoas da comunidade.
Os outros atentados a ônibus na Capital haviam sido nos Bairros João Paulo, Ingleses e Canasvieiras, nas noites de quinta e sexta-feira passadas. Nos dias seguintes, houve grande mobilização de policiais à noite no Norte da Ilha, o que estancou os crimes.
O ataque, de dia, revoltou os policiais, que se sentem desafiados a prender os criminosos. Eles consideram o momento como uma espécie de guerra permanente travada com a facção criminosa Primeiro Grupo Catarinense (PGC), que ordenou os ataques no Estado de dentro das prisões para comparsas que estão nas ruas.
(Por Diogo Vargas DC, 06/02/2013)
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